Coleção de Manuscritos Musicais

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Coleção de Manuscritos Musicais

Detalhes do registo

Nível de descrição

Coleção   Coleção

Código de referência

PT/BPARPD/COL/MSM

Tipo de título

Atribuído

Título

Coleção de Manuscritos Musicais

Datas descritivas

Séc.s XVIII -XIX

Dimensão e suporte

14 UA

Extensões

12 Caixas
2 Maços
1,4 Metros lineares

Entidade detentora

Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada

História custodial e arquivística

Desconhece-se quais as razões que originaram a constituição desta coleção, na própria Biblioteca Pública e Arquivo, ou, anteriormente, por qualquer outra entidade ou pessoa.Esta Coleção, pela sua especificidade não possui uma ordem original, sendo que a disposição que chegou aos nossos dias foi dada pelo arquivista que os arrumou nas atuais caixas. No arquivo da BPARPD, desconhece-se, até à data, a existência documentação/informação sobre a história desta coleção. Segundo algumas fontes estes manuscritos podem ter chegado à então Biblioteca Pública, pelo fundo da Fazenda Real, instituição responsável por confiscar os bens dos extintos conventos das ilhas, após 1834. O Reino de Portugal apenas tinha interesse em confiscar os bens das tesourarias e finanças dos conventos que pudessem dar lucro, o que quer dizer que toda a restante documentação, quer relativa a vida monástica, quer manuscritos musicais, tenha sido deixada ficar nos conventos. Cabe, aqui, esclarecer que o Arquivo Regional só foi criado em 1931.Há conhecimento por fontes orais que alguns conventos foram comprados por particulares ou por Câmaras Municipais, e que estes novos proprietários, talvez, tenham guardado a documentação existente e a tenham entregado à Biblioteca Pública. As possibilidades destes manuscritos musicais terem chegado ao Arquivo por diversas formas, são enormes, e sem factos que nos permitam afirmar as proveniências, ficamo-nos pelas especulações e pelo pouco que a Coleção nos transmite.Em 1997, o musicólogo José Bettencourt da Câmara começou a organizar os manuscritos colocando-os em capilhas e atribuindo-lhes títulos com as informações que considerou pertinentes. Infelizmente, esse trabalho não foi concluído, ficando duas caixas por organizar. Quando, em 2021 essas caixas foram abertas, verificou-se que continham 187 documentos (as restantes 9 caixas continham 100 documentos). Entre 2021 e 2022, as quase três centenas de documentos foram organizados e inventariados pelo arquivista e músico Francisco Cymbron Cabral, e toda a Coleção foi descrita arquivisticamente, estando desde setembro de 2022 disponível online. O total das obras identificadas desceu, entretanto para 262, o que se explica por se terem encontrado concordâncias entre partes soltas e obras completas.Ao trabalharmos nesta Coleção conseguimos perceber, pelo que está escrito em alguns frontispícios, que os Manuscritos Musicais provêm de três instituições de Ponta Delgada: o Convento de Santo André, o Convento de São João Evangelista e a Igreja Matriz de São Sebastião. É preciso mencionar, que só uma ínfima parte da documentação é que tem referência ao local de proveniência: 3 manuscritos referem-se ao Convento de Santo André, um ao Convento de São João Evangelista e outro, à Igreja Matriz de Ponta Delgada.Nas capas dos Manuscritos Musicais aparece, ainda, com mais frequência o nome do(s) proprietário(s) das partituras, ou como está escrito, quase sempre, “Do uso” da proprietária(o). Nesta Coleção temos conhecimento de seis mulheres religiosas e dois homens que foram proprietários ou utilizadores dos manuscritos. Há apenas três obras que fazem menção que foram dedicadas à pessoa referida no documento, mas pelo facto de estarmos em presença de cópias, não nos é possível afirmar, com certeza, quem dedicou a obra.No conjunto documental desta Coleção aparece com bastante frequência a referência ao Armazém de Música de Paulo Zancla, como o local onde eram adquiridas as partituras. Paulo Zancla e a sua mulher, Marietta Hirze Boni Zancla. Em 1823, já com loja aberta na Travessa de Santa Justa, em Lisboa, é-lhe concedido, pelo rei D. João VI, a regalia de estabelecer uma “calcografia musical” Sabemos que este senhor, desde 1824, editou algumas revistas, das quais se destaca Periódico mensal e, abriu uma loja na cidade do Porto, em 1827.

Âmbito e conteúdo

Esta Coleção, é maioritariamente constituída por música sacra: Missas, Ofícios da Semana Santa, Lamentações do Profeta Jeremias, Matinas do Natal, Te Deum, Kalendas, Jaculatórias, Misereres, Ofícios dos Mortos, Motetes, Salmos, Magnificat, Hinos, Ladainhas, Ave Maria e Antífona de Nossa Senhora das Dores. Existem algumas, poucas, obras de música instrumental e, apenas, uma obra impressa. Segundo Bettencourt da Câmara, estas obras “constituem as formas musicais que, no ciclo do ano litúrgico, marcaram a vida litúrgica nas mais importantes igrejas e conventos do País, incluindo as ilhas atlânticas e colónia brasileira”. Para além das indicações de partes obligatto para violoncelo, pianoforte e órgão, muitas obras têm partes para violino, oboé, flauta e trompa.Outros géneros que estão presentes nesta Coleção são: o Motete, uma canção de teor religioso, com textos bíblicos em latim; as Ladainhas, neste caso concreto, as Ladainhas de Nossa Senhora, oração de intercessão a Nossa Senhora; os Hinos, que tinham a função de definir o início de cada hora litúrgica; a Jaculatória, uma oração curta com objetivo de louvar e agradecer a Deus; a Antífona, mais concretamente a Antífona de Nossa Senhora das Dores, peça musical constituída por dois momentos distintos, uma para a antífona e outra para o salmo, sendo que a frase da antífona, com melodia própria, era repetida a seguir a cada versículo do salmo; a Ave Maria, oração de intercessão, dedicada à Virgem Maria; o Te Deum, um hino de Ação de Graças, instituído por Santo Ambrósio, cantado, normalmente, no fim de celebrações importantes, como o último responsório das Matinas de Natal e na última Missa do ano; e o Ofício do Mortos ou Defuntos, que é, como o próprio nome indica, o ofício dedicado às almas falecidas, que se incluí nas horas litúrgicas.No que se refere à música instrumental, esta Coleção possui três trios e um quarteto de cordas, um livro impresso com seis concertos para cravo ou pianoforte, e, ainda, algumas partituras destinadas ao estudo do baixo contínuo, ou da “mão esquerda”, de certas orações, como Salmos e Sequentias.Como foi já referido anteriormente, as obras desta Coleção não têm, na sua maioria, indicação do nome do compositor. Numa visão mais quantitativa percebemos que, num total de 262 obras, 199 não estão assinadas, 40 são de compositores portugueses, como por exemplo - Marcos Portugal, Luciano Xavier dos Santos, António Leal Moreira, José Joaquim dos Santos, João José Baldi, Jerónimo Francisco de Lima, entre outros; 8 são de compositores italianos - David Perez, Luigi Boccherini, Maddalena Sirmen; uma obra de compositor espanhol - Antonio Rodil; e 13 obras de compositores sobre os quais, ou não possuímos nenhuma informação, ou a informação existente é dúbia - Padre Francisco Xavier de Fontes e João da Silva Carvalho Cordeiro.Dep. 7, col. 137/3 - col. 137/4

Assunto

Sistema de organização

Manteve-se, nas caixas, a ordem física em que a documentação estava desde que existe na Biblioteca. Não foi atribuída qualquer ordenação, quando se procedeu à limpeza e acondicionamento (em 1992 e 2013), seguindo-se apenas a "ordem" pela qual estavam feitos os antigos atados.

Condições de acesso

Acesso restrito, consoante o estado de conservação.

Condições de reprodução

Alguns documentos têm cópia digital. Sempre que a imagem for utilizada, é obrigatório fazer-se menção de que a mesma faz parte desta Coleção.

Idioma e escrita

Latim e português.

Características físicas e requisitos técnicos

Alguns documentos estão em mau estado de conservação.

Unidades de descrição relacionadas

Uma das particularidades desta Coleção é a existência de um grande número de partituras anónimas. Numa tentativa de atribuir autoria a algumas dessas partituras, foi feita uma pesquisa na Coleção de Partituras da Biblioteca Nacional Digital. A investigação revelou-se frutífera. As semelhanças nos tipos de caligrafia e grafia musicais permitiram concluir que sete Lições foram compostas por Luciano Xavier dos Santos (1734-1808). A única diferença entre elas é que as partituras da COL/MSM não terem frontispício. As partes cavas de uma missa, que na COL/MSM, estavam identificadas com as iniciais M. A. P., e de um sexteto incompleto e anónimo são iguais, em caligrafia e conteúdo musical, à partitura que está na Biblioteca Nacional Digital, no fundo do Conservatório Nacional, e que é da autoria de Marcos António Portugal (1762-1830).

Notas

Os doc. da cx. 01, estão em suporte digital, visto terem sido reproduzidos nesse suporte, por encomenda do investigador Duarte Silva, em 2010.Descrição multinível ao nível da coleção, unidade de instalação, documento composto e documento simples.

Data de publicação

24/08/2021 10:52:16