Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro
Informação não tratada arquivisticamente.
Nível de descrição
Fundo
Código de referência
PT/BPARPD/PSS/ERHR
Tipo de título
Atribuído
Título
Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro
Datas de produção
1878-04-09
a
1907-07-20
Dimensão e suporte
195 cx., 70 pt. (2039 capilhas, 39720 doc., 5 liv., 47 fotografias, 9 negativos em vidro)
Entidade detentora
Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada
Produtor
Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro
História administrativa/biográfica/familiar
Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro nasce em Ponta Delgada em 7 de Novembro de 1849 e morre em Lisboa a 1 de Agosto de 1907. Filho de Manuel José Ribeiro (1804 – 1866) e de Emília Carolina Hintze (1807 – 1871), casa em 1873 com Joana Rebelo Chaves (1854 – 1940), não tendo tido descendentes.Cursa Direito na Universidade de Coimbra tendo-se licenciado em 1872. Nesse mesmo ano estabelece-se coml advogado em Ponta Delgada, mas em finais da década de setenta opta por ir para Lisboa. Dá então início à sua longa carreira política, durante a qual ocupa os cargos de deputado, par do Reino, ministro, presidente do Conselho de Ministros e conselheiro de Estado. É sempre militante do Partido Regenerador. Embora desde meados da década de oitenta seja líder de facto é só em Março de 1900 que, após a morte de António Serpa Pimentel, é consagrado como chefe supremo do partido Regenerador.É eleito pela primeira vez deputado em 1878 pelo círculo da Ribeira Grande (S. Miguel, Açores), e novamente em 1879, 1881 e 1882. Em 1884 apresenta-se à eleição pelo círculo plurinominal do Porto sendo o terceiro nome mais votado.Por carta régia de 1 de Janeiro de 1886 é nomeado par do Reino e a 19 de Dezembro de 1891 ingressa no Conselho de Estado.A carreira de Hintze Ribeiro como governante inicia-se em 1881, sob presidência de António Rodrigues Sampaio, ocupando a pasta das Obras Públicas, Comércio e Indústria e interinamente a de Negócios Estrangeiros (25 de Março de 1881 a 14 de Novembro de 1881). Nos governos de Fontes Pereira de Melo é novamente titular das Obras Públicas Comércio e Indústria (24 de Novembro de 1881 a 24 de Outubro de 1883) e da Fazenda (24 de Outubro de 1883 a 20 de Fevereiro de 1886). Regressa ao poder como Ministro dos Negócios Estrangeiros (14 de Janeiro de 1890 a 13 de Outubro de 1890) no executivo chefiado por António de Serpa Pimentel.Foi quatro vezes presidente do Conselho de Ministros (22 de Fevereiro de 1893 a 7 de Fevereiro de 1897; 26 de Junho de 1900 a 28 de Fevereiro de 1903; 28 de Fevereiro de 1903 a 20 de Outubro de 1904 e 20 de Março a 19 de Maio de 1906). Acumula por diversas vezes o exercício de pastas ministeriais, nomeadamente a da Fazenda (1893 a 1897), dos Negócios Estrangeiros (1893) e do Reino (1900 a 1904 e 1906).Desde meados da década de 1890, sempre que não exerce cargos governativos, desempenha altas funções no Supremo Tribunal Administrativo e na Companhia Geral do Crédito Predial Português.É membro da Academia Real das Ciências, sócio honorário de várias Associações, como seja das Associações Comerciais de Lisboa e do Porto e condecorado por diversas vezes, salientando-se as grã-cruzes da Ordem da Torre e Espada, da Ordem dos Serafins da Suécia, da Legião de Honra da França e a alta distinção honorífica do Tosão de Oiro, concedida pelo rei de Espanha Afonso XIII, quando da sua visita a Portugal em 1903.Participa em várias comissões parlamentares tanto como deputado como, sobretudo, par do Reino e em comissões encarregadas de dar parecer.Como governante Hintze Ribeiro travou duras batalhas tanto no plano interno como externo. Destaque-se as propostas para a construção e exploração de várias linhas-férreas, o lançamento da linha telegráfica submarina, reforma dos serviços aduaneiros e da pauta das alfândegas. Embora privilegie os assuntos de política nacional é de salientar alguma atenção aos interesses das ilhas açorianas, pronunciando-se sobre a reforma da «circulação monetária» e reclamando providências para os problemas económicos e sociais da região, sendo de salientar a autonomia administrativa concedida pelo decreto de 2 de Março de 1885.Nas relações externas cabe-lhe a responsabilidade das negociações com a Inglaterra subsequentes ao Ultimatum, em 1890, e dois anos depois, em 1892, dar resposta à grave crise financeira e à declaração de bancarrota. As negociações com os comités de credores ingleses, alemães, franceses e holandeses, portadores de títulos de dívida externa portuguesa, constituídos em Abril de 1892, só terminam com a assinatura do convénio, num governo presidido por Hintze Ribeiro, em 1902.
História custodial e arquivística
O Arquivo de Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro terá sido depositado no Palácio dos Condes de Valença, actual Hotel da Lapa, depois da morte do seu titular. É neste espaço que Ernesto Hintze Ribeiro, sobrinho homónimo do antigo estadista, terá trabalhado para a elaboração da relação sumária do Arquivo que publica em 1949, por altura da comemoração do centenário do nascimento de Hintze Ribeiro, onde regista o título das capilhas que compõem o Arquivo.Apesar do seu indubitável valor, tendo funcionado durante décadas como o único instrumento de acesso, a Relação Sumária de 1949 é incompleta, estando omissa a referência ao título de várias capilhas que integram o Arquivo.Por outro lado, existem sinais de esta intervenção ter provocado algumas alterações na ordem original, nomeadamente a agregação de capilhas, por vezes com temáticas distintas, em uma só capilha, a que, em alguns casos é dado um novo título, distinto do primitivamente atribuído pelo titular do Arquivo. A intervenção de Ernesto Hintze Ribeiro é ainda testemunhada pela presença, em algumas capilhas, de índices manuscritos de documentos que terão sido por si redigidos.São também detectáveis outras ingerências no Arquivo, nomeadamente a inclusão de documentos com data posterior à morte de Hintze Ribeiro, como os recibos da restituição de insígnias (da Ordem dos Serafins e da Grã Cruz da Ordem de Leeuw) passados à viúva Joana Hintze Ribeiro. Inversamente há notícia de que alguns documentos foram subtraídos e que, ainda hoje, se encontram na posse da família.Apesar de tudo a esmagadora maioria dos documentos pertencentes a Hintze Ribeiro terão permanecido juntos no Palácio dos Condes de Valença, tendo daí saído, na década de oitenta do séc. XX, para Ponta Delgada. A documentação foi transportada desde Lisboa, em volumosos caixotes de madeira (12) e 1 baú, alguns dos quais bastante deteriorados, o que felizmente não se reflectiu muito no seu estado de conservação. É possível que o transporte tenha também contribuído para a existência de capilhas vazias, documentos truncados e de outros soltos. São, no entanto, situações muito pontuais.Em Ponta Delgada o Arquivo Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro deu entrada na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada. Após a sua recepção foi sujeito a uma primeira intervenção, resumindo-se esta à cotação das capilhas que o compõem. Tendo como referência a Relação Sumária de 1949 acrescenta-se o título das capilhas que haviam sido omitidas e procede-se à sua numeração. A cotação atribuída é sequencial, utilizando-se três conjuntos de dígitos. O primeiro corresponde ao número da caixa, o segundo ao agrupamento a que pertence e o terceiro ao número da capilha.Em 2007 é feita uma primeira tentativa de descrição do Arquivo. Nesta intervenção opta-se por descrever ao nível da peça, no entanto, o facto de se tratar de um Arquivo de grande dimensão inviabilizou o seu tratamento na íntegra, tendo sido abandonado. Assim, a Relação de 1949, complementada com as anotações realizadas na altura do ingresso na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, permanece, até agora, como o principal instrumento de acesso ao Arquivo.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Documentação depositada na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada pelos herdeiros, representados por Ana Jácome Correia Hintze Ribeiro Cymbron, por contrato de 20 Maio 1987, efectuado com o Director da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, Dr. Hugo Moreira.
Âmbito e conteúdo
O conjunto de documentos que compõe o Arquivo Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro é bastante eclético, identificando-se a presença de impressos, desde livros a folhas volantes, um albúm de fotografias, mapas, desenhos, dactiloscritos e manuscritos, notas, minutas e uma numerosa correspondência.Trata-se de documentação produzida e acumulada essencialmente no âmbito do desempenho de actividades profissionais e políticas, reflectindo as diferentes áreas de interesse do titular.Parte da documentação assume um carácter pessoal, como a correspondência de familiares e amigos, documentos relativos a gestão do património, à sua carreira, como louvores, condecorações, manuscritos de livros publicados e notas pessoais, além de artigos de imprensa e publicações sobre temáticas variadas.Outra parte da documentação está directamente relacionada com a actividade política do titular, desde a realização de eleições, tanto em Portugal continental, como nos Açores e Madeira, em que se destaca a correspondência, manifestos, listas de apoiantes e de círculos eleitorais, notas, panfletos, artigos de imprensa, à documentação directamente relacionada com os cargos governativos que ocupa. É o caso de relatórios, correspondência, legislação sobre Ultramar (Timor, Índia, Macau, Angola, Moçambique, S. Tomé Cabo Verde), das relações com outros países (Inglaterra, França, Brasil, Alemanha) e sobre questões nacionais.Existem vários documentos de apoio ao desempenho profissional, nomeadamente publicações sobre estudos financeiros, intervenções, parlamentares, relatórios de comissões parlamentares, compilação de leis e artigos de imprensa.Localização atual: Dep. 7, col. 50/4 – col. 56/2.
Sistema de organização
O Arquivo Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro mantém-se, na sua maioria, organizado segundo os critérios estabelecidos por Hintze Ribeiro em capilhas constituídas em dossiês temáticos com um título, redigido pelo titular, normalmente a lápis de cor azul, que dá a conhecer o modo de recuperar informação, ajustado às necessidades do titular na sua relação pessoal com a memória informativa acumulada.No tratamento arquivístico tenta-se recuperar os critérios organizativos sempre que estes são interrompidos. No caso de documentos soltos foram acondicionados em capilhas, sendo atribuído um título. Inversamente, procede-se à desagregação de capilhas quando se detecta que estas não são originárias e os assuntos e temáticas não correspondem aos critérios organizativos do titular.
Idioma e escrita
Inglês, francês, italiano, alemão e holandês.
Instrumentos de pesquisa
- RIBEIRO, Ernesto Hintze, No 1º Centenário do nascimento de Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro (Relação Sumária do seu Arquivo), Ponta Delgada, 1949.- Existe no interior de algumas capilhas índices manuscritos cuja caligrafia se pensa ser de Ernesto Hintze Ribeiro. É provável que se relacionem com a elaboração da Relação Sumária.- lista intitulada: Arquivo Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro: índice de correspondentes (Índice Onomástico; Instituições, associações; Cargos).
Notas
Descrição multinível ao nível do fundo, documento composto, a que corresponde a descrição das capilhas em que se encontra organizado o Arquivo, e da peça. Neste último caso é pontual, sendo a descrição limitada à correspondência da família real e a publicações, tanto periódicos como monografias.O conjunto documental é descrito na íntegra ao nível do documento composto, único possível entre os níveis disponíveis pelo programa Digitarq, ainda que as capilhas, em que se encontra organizado o Arquivo, sejam sobretudo constituídas por dossiês, colecções e processos.
Publicador
o.gameiro
Data de publicação
11/03/2024 12:03:42