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Loja União Açoriana

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Loja União Açoriana

Detalhes do registo

Nível de descrição

Subfundo   Subfundo

Código de referência

PT/BPARPD/FAM/MPM-LUA

Tipo de título

Atribuído

Título

Loja União Açoriana

Datas de produção

1832  a  1841-03-11 

Dimensão e suporte

310 doc. + 10 objectos

Extensões

4 Livros
10 Maços

Produtor

Loja União Açoriana (LUA)

História administrativa/biográfica/familiar

Segundo Oliveira Marques, foi em Ponta Delgada, entre 1831 e 1834, que renasceu o Grande Oriente Lusitano, com a criação da Loja União Açoriana (LUA)).A LUA foi instalada em 31 de Maio de 1832, a 1ª que os liberais constituiram em território nacional conquistado à facção absolutista. Como tal, na numeração do Grande Oriente Lusitano (GOL) recebeu o n.º 1 ou 100 (a Loja 11 de Agosto de 1829, sediada em Angra é um pouco mais antiga, optou pela dissidência e, como tal, não foi considerada a 1ª pelo GOL).O Dr. Mateus António Pereira da Silva, natural de Tavira, foi o 1º venerável. Segundo um documento interno (Cx. B 1-7?) o seu nascimento decorreu da deslocação a São Miguel de membros do GOL, com o objectivo expresso de reorganizarem a maçonaria nesta ilha.No entanto, a 1ª sessão só ocorreu a 8 Dez. de 1833 e nela o Venerável refere que"(...) sendo preciso instalar a Loja a qual se não tinha reunido nem trabalhado em consequência de muitas circunstâncias e principalmente por falta de irmãos regulares(...)".Fazem parte desta 1ª reunião: Dr. Mateus António Pereira da Silva (Venerável), José Manuel da Silva (Tesoureiro), D. João Correia Portugal da Silveira (eleito 1º Experto), Dr. José Joaquim de Almeida Moura Coutinho (eleito Secretário) e Dâmaso José Pereira (eleito 2º Vigilante). Ainda nesta sessão, filiaram-se e prestaram juramento Luís da Câmara Coutinho (eleito 1º vigilante), Pe. João José do Amaral (eleito 2º Experto) e o Dr. Bento Cardoso Gouveia Pereira Corte Real (eleito Orador). Anteriormente tinha havido uma sessão preparatória, na qual tinha sido eleito o Tesoureiro. Ficou também decidido que as reuniões ordinárias decorreriam nos dias 9 e 24 de cada mês maçónico.De influência cartista, conhecida pela Loja dos Porcos devido à figura de Silva Carvalho, seguia o Rito Francês, introduzido em Portugal após a Revolução Francesa e adoptado como único pelo GOL em 1821, mas que gradualmente vai perdendo importância após 1837 muito embora só nos finais do século XIX é que o o n.º de lojas que seguiam o Rito Escocês Antigo Aceite passou a ser predominante. O Rito Francês contempla 7 graus, desde o Aprendiz até ao Soberano Príncipe Rosa Cruz ou Cavaleiro Rosa Cruz.Foi encontrado um local fixo (Templo) para as reuniões, na Rua da Graça em Ponta Delgada, e a Loja estava bastante bem organizada em termos administrativos, pelo menos nos primeiros anos da sua existência. Em 1835 viria a ser Loja Capitular.Seguiam preferencialmente o calendário maçónico português, baseado no calendário luni-solar hebraico, tendo o ano início no equinócio da Primavera (21 Março), muito embora existam documentos desta Loja que seguem outros calendários maçónicos.Participaram na vida social e política de São Miguel. No que se refere à política, a eleição de membros da Loja para cargos locais ou nacionais comprova de facto a sua influência. Três membros desta Loja foram eleitos para a Câmara dos Deputados (Francisco Afonso da Costa Chaves e Melo, Pe. Bernardo do Canto Machado de Faria e Maia e o 1º Visconde da Praia). No campo social, foi criada, com o patrocínio da Loja, a Sociedade Patriótica, instituição paramaçónica composta por obreiros da LUA e por profanos por eles indicados.Por iniciativa própria, foi criado um jornal, O Constitucional Micaelense, com o objectivo de difundir os ideais maçónicos e intervieram ainda na estrutura de saúde da ilha.Após 1837 a LUA entrou em declínio, extinguindo-se nos primeiros anos da década seguinte. A este facto não será estranho a ida para Lisboa, em 1839, do Desembargador José Joaquim de Almeida Moura Countinho, um dos principais activistas desta organização.

História custodial e arquivística

A parte da Biblioteca dos MPM leiloada em 2004 pertencia aos herdeiros de Duarte Borges Coutinho de Medeiros Sousa Dias da Câmara (1897 - 1971), filho do 2º Marquês da Praia e Monforte (1861 - 1908). Além da herança paterna, foi também herdeiro dos tios, Barão de Linhó (1871 - 1942) e Condessa de Cuba (1860 - 1945), ambos filhos e herdeiros do 1º Marquês da Praia (1829 - 1913).Desconhecemos se o lote adquirido foi herdado directamente do pai ou dos tios, mas poderá admitir-se de que se trata da parte da Biblioteca que coube ao Barão de Linhó e Condessa de Cuba. O inventário desta última, que decorreu no 4º Juízo da 2ª Secção do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa ajudará a tornar mais clara a história custodial deste SF.No entanto, há uma ligação entre a LUA e a família Praia, uma vez que o 1º Visconde da Praia, Duarte Borges da Câmara de Medeiros (1799 - 1872), foi membro desta Loja, com o nome maçónico de Gomes Freire, onde desempenhou diversos cargos, tendo atingido o Grau de Cavaleiro Rosa Cruz. Podemos assim colocar a hipótese de que esta parte do arquivo da LUA tenha permanecido, deste a extinção da Loja, nas mãos da família Praia.Acresce que o filho do 1º Visconde da Praia, António Borges de Medeiros Dias da Câmara e Sousa (1829 - 1913), 1º Conde (1881) e 1º Marquês da Praia e Monforte (1890), foi também maçon, tendo pertencido, segundo Francisco Maria Supico, à Loja 1º de Janeiro, instalada em Ponta Delgada entre 1868 e 1883, e à Loja Companheiros da Paz, instalada na mesma cidade em 1902.Caso este fundo não tivesse ficado nas mãos do 1º Visconde desde a extinção da Loja, é possível que tenha sido adquirido pelo 1º Marquês, dadas as suas ligações à Maçonaria.

Fonte imediata de aquisição ou transferência

Comprado no leilão da Biblioteca dos Marqueses da Praia e Monforte (lote n.º 595) realizado em Nov. 2004 pela casa Pedro de Azevedo no Amazónia Lisboa Hotel.

Âmbito e conteúdo

O grosso da documentação foi produzida / recebida entre 1833 e 1837, período em que a Loja esteve mais activa. Além dos livros de actas das sessões da Loja e do Grande Capítulo do arquipélago dos Açores, há registos de contabilidade, propostas de irmãos, pareceres de comissões, autógrafos de decretos e correspondência com diversas Lojas de Angra do Heroísmo, Horta, Funchal, Porto, Coimbra e Lisboa.Este subfundo contém os seguintes objectos (insígnias, jóias, sacos):- Duas saquetas, uma de veludo vermelho e outra de veludo verde, de 20x15 cm;- Venera de tesoureiro (peça em metal amarelo)- Venera de secretário (peça em metal amarelo)- Venera de 1º vigilante (?) (peça em metal branco e metal amarelo de origem inglesa, datada da 1ª metade do século XIX)- Duas joias de grau de mestre (peça em metal amarelo)- Insígnia de 1º experto (peça em metal amarelo de origem francesa datada da 1ª metade do século XIX)- Jóia de cargo em loja - guarda interno (peça em metal amarelo de origem francesa datada da 1ª metade do séc. XIX)- Jóia de cargo - venerável (peça de origem francesa da 1ª metade do século XIX)- Jóia de adorno (peça em metal amarelo)- Avental de pele (grau de mestre?)

Sistema de organização

Respeitou-se a organização advinda do leilão (lote 595), uma vez que se poderá tratar da organização existente pelo menos na Biblioteca dos Marqueses da Praia e Monforte.Para além dos livros de actas (2) e de contabilidade (2), a documentação estava agrupada em 10 maços (agora em várias capilhas) aos quais corresponde uma separação temática e /ou tipológica (autográfos de decretos, pareceres de comissões, propostas, minutas de actas, Loja Amor da Liberdade, correspondência com diversas Lojas, circulares, etc) nem sempre muito coerente, sobretudo no que se refere aos dois últimos maços (n.ºs 9 e 10). Através do n.º de registo (de controlo) é possível saber em que maço se encontrava o documento quando este arquivo entrou na BPARPD.Dada a sua reduzida dimensão, optou-se por não agrupar os documentos em séries, descrevendo-se as unidades de instalação (4), os documentos compostos (29) e os documentos simples (118) directamente ligados ao SF.Sempre que foi possível, reconstituiram-se processos, tarefa nem sempre fácil devido ao facto do arquivo ter sido remexido por eventuais interessados na sua aquisição por altura do leilão. Documentos que faziam parte do mesmo processo muitas vezes encontravam-se separados.Quando existem resumos da época, lançados no verso dos documentos, aproveitámos para títulos dos mesmos. Por outro lado, há "anéis" de papel, com um título, que agrupavam documentos. Também sempre que foi possível, reconstituiu-se essas unidades. Mas nem sempre esses "anéis" se encontravam junto dos documentos a que estavam ligados e, como tal, optámos por não os agrupar, como são os casos dos: Autográfos de decretos; Propostas; Pareceres de Comissões; De vários Irmãos.Na ordenação, sempre que se estabeleceu essa ligação, os anexos ficaram com o número matriz do "documento mãe".

Idioma e escrita

Português

Instrumentos de pesquisa

Catálogo do Leilão, lote n.º 595, p. 91-92

Unidades de descrição relacionadas

Arquivo Visconde do Botelho depositado na Biblioteca Nacional de Portugual

Data de publicação

03/10/2019 13:11:19