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Convento da Glória

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Convento da Glória

Detalhes do registo

Informação não tratada arquivisticamente.

Nível de descrição

Fundo   Fundo

Código de referência

PT/BPARJJG/MON/CG

Tipo de título

Atribuído

Título

Convento da Glória

Datas de produção

1678  a  1827 

Dimensão e suporte

12 livros e duas folhas em papel.

Entidade detentora

Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça - Horta.

Produtor

Convento da Glória.

História administrativa/biográfica/familiar

Erguia-se no local da atual Praça da República, freguesia da Matriz, cidade e concelho da Horta.O Convento de Nossa Senhora da Glória, da Ordem de Nossa Senhora da Conceição, segunda clausura feminina na vila da Horta, foi fundado por iniciativa de D. Catarina de Utra Corte-Real, filha de Manuel de Utra Corte-Real, 3.º capitão do donatário da Ilha do Faial e do Pico. A doação dos terrenos para a sua edificação foi feita por escritura de 9 de janeiro de 1608, e a direção das obras ficou a cargo de um seu parente, Estácio de Utra Machado.É referido por Frei Diogo das Chagas (O.F.M.), em meados do século XVII:"Em o meio da Villa rua que se diz do meio, perto da praça está o Conuento de Freiras da Conceição Immaculada, como atras deixamos dito, do Orago de Nossa Senhora da Gloria." (CHAGAS, 2007:477)Ao final do século XVII, sobre a sua fundação e o estado em que se encontrava, Frei Agostinho de Monte Alverne (O.F.M.) informa, a seu turno:“1.º – Dona Catarina Corte-Real, desejando fundar um mosteiro de freiras da Conceição da Senhora, no qual se recolhesse com umas donzelas que tinha consigo, para alcançar esta graça, dotou-lhe o que tinha de seu em moios fixos e a retro, com mil cruzados em dinheiro, e dizem que a vinte e quatro, pouco mais ou menos, chegariam os moios, os quais tirou depois, por demanda ao mosteiro, Francisco Dutra de Quadros, fundador dos padres da Companhia, e só deles logra hoje o mosteiro 25 alqueires de foro e quatro galinhas; e com os mil cruzados que deu em dinheiro se compraram as casas em que o mosteiro está hoje fundado. E, para que o bispo, a quem o fazia sujeito, lhe desse licença, se ajuntaram alguns homens da vila, oferecendo logo moios fixos para suas filhas entrarem; e com sua procuração veio Estácio Machado a Angra, a fazer escritura do dote ao bispo Dom Jerónimo Teixeira Cabral (...)3.º – À vista de dez moios e meio de renda, cinco deles a retro, e mil cruzados em dinheiro, que ofereceu Dona Catarina Côrte-Real, e dez moios de Estácio Machado, e três moios e meio com 150 mil reis de Gaspar Pereira, e cinco moios do padre João (sic) Peixoto e sua irmã Joana da Silveira, e quatro moios e cem mil reis em dinheiro de Gaspar de Faria, e cinco moios de Luis Gomes, e dois moios e meio de António Dutra, e moio e meio e cem mil reis em dinheiro de Amaro Pires, à vista de 42 moios de renda e setecentos e cinquenta mil reis em dinheiro, deu o senhor Bispo licença e com ela se foi Estácio Machado fundar o mosteiro onde hoje está fundado, correndo ele com as obras.4.º – As quais se abreviaram de sorte que veio outra vez à Terceira e, informando o senhor Bispo como o mosteiro estava feito, lhe deu duas religiosas do mosteiro da Conceição de Angra, para serem fundadores, as madres Maria da Ascensão, por abadessa, e Ana de Deus, por mestra; Maria da Ascensão que veio de São Gonçalo e Ana de Deus do mosteiro da Esperança, ambas por fundadoras da Conceição de Angra, e deste vieram com Estácio Machado a esta nova fundação na qual entraram com Dona Catarina Côrte-Real e mais dotadas, e em domingo da Trindade de 1611 se disse a primeira missa. Deste mosteiro não saíram senão em véspera da Ascensão de 1623, que, temendo entrarem os mouros na ilha, se retiraram a Castelo-Branco, onde estiveram até véspera da Trindade do dito ano. Foram crescendo as religiosas em número, que hoje chegam 60 lugares fixos, exceto os supernumerários.” (MONTE ALVERNE, 1962, III:169-172)No início do século XVIII, o padre Antonio Cordeiro (S.J.) na descrição da vila da Horta registou:"Outro Convento chamado o da Gloria, de quasi sessenta Freyras de vèo preto, que foy fundado por D. Catharina Cortereal, ha perto de cem annos, & vierão fundallo duas Religiosas da Conceyção de Angra, Anna de Deos, & Maria da Ascensão." (CORDEIRO, 1981:452) Frei Bonifácio da Cruz, capelão da galera “Flora”, que aportou à Horta na quadra natalícia de 1792, registou:“(…) O outro Convento é da Conceição, que chamam da Glória. Tem 40 religiosas. Este é mais observante do Culto Divino, mais recolhidas e não padecem nota de falarem pelas janelas [como as de S. João]. Estas, algum tanto já velhas, por causa de não aceitarem [há] 40 anos Religiosas.” (NETO, 2013:162)No seguimento da extinção das Ordens Religiosas nos Açores, por Decreto Régio de 17 de maio de 1832, este convento teve licença especial para continuar ativo até à morte da última freira, mantendo as que quisessem continuar em clausura e recebendo ainda algumas do então também extinto Convento de São João. O da Glória manteve-se aberto durante várias décadas. As últimas freiras acabaram por ser acolhidas numa casa particular, tendo o convento fechado definitivamente na década de 1870 ou 1880. O edifício, em processo de degradação, com algumas partes a caírem em ruína, teve a pedra a ser retirada para diversas obras na cidade."O convento, edifício carunchoso e completamente ao abandono, estava a desmoronar-se. Um tristonho espectáculo no centro da cidade, em especial depois que as Obras Públicas se lembraram de ir tirar àquele vélho conjunto de construções alguma pedra para reparação das muralhas. Em recantos lôbregos daquele casarão quási sem tecto, onde se marchava por cima de tábuas apodrecidas, viviam umas tantas criaturas, em constante perigo. Se caridade era deixarem-nas viver ali, caridade era também evitar-lhes uma provável catástrofe." (LIMA, 2005:148)Posteriormente, por Decreto de 28 de fevereiro de 1895, o Governo concedeu à Santa Casa de Misericórdia da Horta o convento, a igreja e cerca, para neles ser construído um hospital, projeto que não se concretizou.Desse modo, em 28 de maio de 1899 a Câmara solicitou a D. Carlos I autorização para transformar aqueles terrenos em praça pública, o que veio a acontecer. Por volta de 1900 foi completamente demolido, sendo a restante pedra utilizada na construção do Hospital Walter Bensaúde. No local foi construído um jardim público denominado Largo da Glória, alterado para Praça D. Carlos I na sequência da Visita Régia em 1901. Com a instauração da República no país (1910) o jardim recebeu a designação atual de Praça da República.SILVA (2017) informa-nos que subsistem alfaias litúrgicas, imagens, mobiliário e até o órgão de tubos (o melhor do Faial, datado de 1805 e feito por um dos mais importantes organeiros portugueses), património disperso por igrejas, museus e casas particulares. Complementa que as religiosas eram conhecidas pelos seus dotes musicais, bem como pelos doces e outras iguarias que confecionavam, e que, muitas vezes, vendiam para fora. Para ler mais...“Ficha CRS 306-A Convento da Glória”. In Património Arqueológico dos Açores.ALBUQUERQUE, António Saldanha (2019). Igreja e sociedade no Portugal do século XIX: a cidade da Horta. Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira.CHAGAS, Frei Diogo das (2007). Espelho Cristalino em Jardim de Várias Flores (2.ª ed.). s.l., Presidência do Governo Regional dos Açores; Direção Regional da Cultura, Universidade dos Açores, Centro de Estudos Gaspar Frutuoso. [man. entre 1646 e 1654]Convento da Glória (Descritor). BPARJJG. Disponível em: Convento da Glória - Direcção Regional da Cultura dos Açores - Archeevo (azores.gov.pt) CORDEIRO, António (1981). História Insulana das ilhas a Portugal Sugeytas no Oceano Occidental. Angra do Heroísmo: Região Autónoma dos Açores, Secretaria Regional da Educação e Cultura. [1.ª ed.: Lisboa, 1717]GUERRA, Rodrigo (1901). “Convento da Gloria”. In O Telegrapho, ano 9, n.º 2.279, 28 de junho, pp. 3-4.Inventário de Extinção do Convento de Nossa Senhora da Glória da Horta (Descritor). ANTT. Disponível em: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4224464 LIMA, Marcelino (1922). Famílias Faialenses. Horta, Tipografia “Minerva Insulana”.LIMA, Marcelino (2005). Anais do Município da Horta: ilha do Faial (ed. fac-simil. da de 1940). Horta, Câmara Municipal da Horta.MACEDO, António Lourenço da Silveira (1981). História das Quatro Ilhas Que Formam o Distrito da Horta [3 vol.,reimp. fac-simil. da ed. de 1871]. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura.MONTE ALVERNE, Agostinho de (1960-1962). Crónicas da Província de S. João Evangelista das Ilhas dos Açores (3 vols.). Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada. [man. ca. 1695; vol. I, 1960; vol. II, 1961; vol. III, 1962]NETO, José Luís (2013). “As festas natalícias na Horta em 1792. O testemunho do frei Bonifácio da Cruz, capelão da galera Flora”. In Atlântida, vol. LVIII. Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura. pp. 159-163.SILVA, Tiago (2017). “Reflexões Crónicas – Os Conventos de Freiras no Faial”. In Tribuna das Ilhas, 30 de novembro. Disponível em: Tribuna das Ilhas SILVA, Tiago Simões da (2020). Os espaços religiosos e a imagem da cidade. Um estudo de caso: a Horta nos séculos XVI-XVIII. Publicações do Cidehus. Disponível em: Cidehus SILVEIRA, Carlos M. Ramos da (2007). A Horta antiga. s.l. [Horta], ed. do autor.

Localidade

Horta.

Âmbito e conteúdo

1. Livro das rendas e dos foros: 1678-1687. Contém as listas nominais dos devedores ao convento da Glória.2. Livro das rendas, dos foros e dos juros, 1707-1709; despesas: 1717-1720; e das faltas dos trigos: 1741. A primeira parte chama-se «Livro para se cobrarem as rendas, foros, juros, tenças, & alimentos […]», começa em 1707 e finda em 1709. Segue-se o «Segûdo Liuro Da despeza […]», que inclui as despesas mensais de novembro de 1717 a abril de 1720, faltando-lhe porém o mês de janeiro de 1719. A sua terceira parte é composta pela lista das faltas dos trigos que os rendeiros ficaram a dever em 1741 e cujo pagamento foi sendo efetuado nos dois anos seguintes.3. Livro das rendas, dos foros e dos juros: 1722-1725.4. Idem: 1737-1739.5. Idem: 1757-...6. Idem: 1769-1771.7. Duas folhas soltas de contas de receita e de despesa, maioritariamente do período 1747-1748, que a este convento dizem eventualmente respeito.8. Livro de receitas e de despesas: 1749-1770. As listas de síntese das receitas e das despesas cobrem quase integralmente todo o período: vão de 1749 a 1765, sendo cada ano apresentado de 1 de agosto a 31 de julho do seguinte. A fólios 44-45 verso está um quadro-resumo de 1749 a 1761. Duas outras particularidades: primeira- a fólios 36-36 verso o procedimento de tomada de contas em 1760-1762; segunda- dentro das grandes mudanças, de mão e do modo de registar, iniciadas no fólio número 46, após o registo relativo a 1765 e quase até final o livro contém inventários de partilhas de algumas das religiosas. Proveniência: coleção Thiers de Lemos. Livro restaurado. Capa dura. Dimensões: 47 cm x 32,5 cm.9. Livro de despesas: 1772-1775. Col. TL.10. Idem: 1790-1801.11. Idem: 1818-1821. Col. TL. 12. Idem: 1821-1825. Col. TL.13. Livro do arquivo para os assentos da saída do dinheiro: de 1790-08-04 a 1827-09-19. Por exemplo, neste último livro existem dois assentos relativos à saída de dinheiro para o pagamento do órgão que se mandou fazer: 1803-03-10 e 1805-09-12. Col. TL.

Sistema de organização

Classificação funcional.

Condições de acesso

Comunicável.

Idioma e escrita

Português.

Instrumentos de pesquisa

Inventário.

Existência e localização de cópias

A BPARJJG possui uma cópia em suporte digital, formato jpeg, deste conjunto documental, com algumas exceções.

Unidades de descrição relacionadas

1. Coleção Thiers de Lemos. 2. Arquivo do governo civil da Horta.3. Torre do Tombo: possui um processo formalmente designado Inventário de extinção do convento de Nossa Senhora da Glória da Horta, cujo código de referência é PT/TT/MF-DGFP/E/002/00119, pertencente ao arquivo do ministério das finanças.4. Coleção do Arquivo Regional: onde se encontra uma planta do convento.

Notas

Localização: C3.

Data de publicação

22/10/2019 14:51:41