Bispado de Angra. Coleção de documentos originais relativos ao Bispo D. Frei Estevão de Jesus Maria
Nível de descrição
Unidade de instalação
Código de referência
PT/BPARPD/PSS/MEC/0037
Tipo de título
Formal
Título
Bispado de Angra. Coleção de documentos originais relativos ao Bispo D. Frei Estevão de Jesus Maria
Título paralelo
Bispado I (lombada)
Dimensão e suporte
1 liv. (99 doc.)
História administrativa/biográfica/familiar
D. frei Estêvão de Jesus Maria da Costa (Mafra, 26 dez. 1786 — Angra do Heroísmo, 28 jul. 1871), da Ordem dos Frades Menores Reformados (franciscano), foi o 27.º bispo de Angra, governando formalmente a diocese no período de 1827 a 1870, embora, com as convulsões provocadas pela guerra civil e pela sua adesão ao miguelismo, apenas tenha assumido o governo efectivo da diocese em 1840, e ainda assim permanecendo 19 anos, até 1859, em virtual exílio na ilha de São Miguel, aparentemente sem se atrever a entrar na sua cidade episcopal de Angra, por demais conotada com o liberalismo.Proposto bispo de Angra, dignidade em que foi confirmado por bula do papa Leão XII, datada de 26 de Janeiro de 1828, tendo tomado posse da diocese, por procuração, a 30 de Abril de 1828.D. frei Estêvão de Jesus Maria ainda estava em Lisboa, ao que parece preparando-se para partir para os Açores, quando eclodiu em Angra a revolta liberal de 22 de Junho de 1828, em resultado da qual, com o apoio do Batalhão de Caçadores n.º 5, então aquartelado no Castelo de São João Baptista do Monte Brasil, implanta definitivamente o regime liberal na Terceira. Não o sabemos se por convicção se por ser a isso forçado, o novel bispo de Angra emite a 7 de Março de 1829 uma pastoral de cariz marcadamente pró-miguelista, que reforçou a 8 de Julho com um apelo à rebelião contra o regime liberal em que exaltava o governo absolutista. Esta atitude marcou o bispo como aderente ao partido miguelista, colocando-o em oposição às forças dominantes em Angra, situação que marcaria por muitas décadas o seu episcopado.Na impossibilidade de interferir na nomeação um novo Bispo, D. Pedro, por carta régia de 30 de Maio de 1832, nomeou governador temporal e visitador geral do Bispado, por ausência e rebeldia do bispo, o bacharel Bernardo do Canto Machado de Faria e Maia, prior da Matriz de São Sebastião de Ponta Delgada.Quando os liberais entraram em Lisboa, em 1834, o bispo foi naturalmente preso às ordens do governo constitucional, ficando detido durante sete meses no Convento de São Vicente de Paula, em Rilhafoles, ficando inibido de exercer jurisdição sobre a Diocese entre 1834 e 1839.Entretanto, ainda em Lisboa, o bispo mudara de posição, jurara a Constituição Política da Nação e tinha ido progressivamente conquistando a boa vontade, ou pelo menos a tolerância, do novo poder. O seu passado miguelista foi esquecido e foi promovida a sua reintegração na Diocese de Angra. Finalmente, em finais 1839 decidiu-se finalmente partir para a sua diocese.Nos Açores, em vez de se dirigir à sua Sé Catedral, em Angra, preferiu quedar-se por Ponta Delgada, onde fez entrada solene e se hospedou na casa da influente família Cymbron, na rua de Santa Bárbara.Apenas a 21 de Setembro de 1859, depois do deputado José Silvestre Ribeiro, com apoio do faialense António José de Ávila, futuro duque de Ávila e Bolama, ter no parlamento criticado duramente a situação episcopal nos Açores, e depois passadas quase duas décadas de auto-exílio em São Miguel, o bispo chegou a Angra.A principal acção do prelado foi a criação do Seminário Episcopal de Angra, inaugurado a 9 nov. de 1862 no Convento de São Francisco de Angra, depois de feitas as necessárias remodelações. Homem conservador, opôs-se a muitas das novidades que o novo regime ia paulatinamente introduzindo.Em 1870, aos 83 anos, doente, solicitou a nomeação como coadjutor do seu particular amigo e braço direito, o vigário geral Dr. António José Ferreira de Sousa, que lhe foi negado. Perante a recusa, nomeou, a 31 de Maio de 1870, o referido vigário geral como governador do bispado e retirou-se para a Quinta da Misericórdia, no lugar do Pico da Urze, arredores de Angra. Faleceu naquela quinta a 28 jul. 1871.https://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%AAv%C3%A3o_de_Jesus_Maria (disponível em 29 jan. 2016)Padre Dr. António José Ferreira de Sousa[N. Coimbra, 6.9.1805 ? m. Fajã de Baixo, ilha de São Miguel, ?.6.1890] Matriculou-se na Universidade de Coimbra, em 1822, e foi bacharel em Cânones em 1826 e licenciado em 1827.Veio para a diocese de Angra como secretário particular do bispo D. Frei Estêvão de Jesus Maria, em 1840. Foi nomeado cónego da Sé de Angra, em 1841, e promovido a chantre, em 1864 (12 de Setembro), presidindo então ao Cabido, por não haver deão. Ocupou o cargo de vigário geral do bispo D. Frei Estêvão também desde a sua chegada a Ponta Delgada, em 1840, acompanhando-o quando este, em 1859, finalmente veio residir na sede da diocese. Quando morreu o bispo, em 1870, foi eleito na reunião do cabido, vigário capitular, governando a diocese até à eleição do novo bispo, D. João Maria Pereira do Amaral, que em 1872 nomeou o Doutor Ferreira de Sousa para tomar posse efectiva do bispado, mantendo-o até 1873 como vigário-geral, só o substituindo por provisão de 8 de Outubro desse ano.O Doutor José Ferreira de Sousa foi então reitor do Seminário. Em 1885, D. João Maria voltou a nomeá-lo vigário-geral e no fim desse ano, perante o agravamento do seu estado de saúde, governador do bispado, que exerceu até à vinda do bispo coadjutor D. Francisco Maria Prado de Lacerda, que o manteve como vigário-geral.Em 1890, D. Francisco Maria, resolvendo ir ao continente, entregou o governo da Diocese a uma Junta Governativa, à qual presidiu o Doutor António José Ferreira de Sousa. Quando morreu, em Junho desse ano, na sua casa da Fajã de Baixo, continuava sendo vigário-geral e por o ter sido de três bispos, ficou conhecido por antonomásia «vigário geral» designação perpetuada na rua da Fajã de Baixo onde viveu. J. G. Reis Leitehttp://www.culturacores.azores.gov.pt/ea/pesquisa/Default.aspx?id=10220 (disponível em 18 fev. 2016)
História custodial e arquivística
Documentos comprados aos herdeiros do Dr. António José Ferreira de Sousa (herdeiro e testamenteiro do Bispo Dom Frei Estevão de Jesus Maria) em 1895.
Âmbito e conteúdo
Unidade arquivístia consituída sobretudo por documentos biográficos do Bispo de Angra.
Cota atual
37Dep. 2, 353/5
Notas
Não há nenhum documento com o n.º 64 e o documento n.º 97 foi retirado por ser impresso (v. índice).
Data de publicação
29/04/2020 16:08:44