Paróquia de Matriz
Informação não tratada arquivisticamente.
Nível de descrição
Fundo
Código de referência
PT/BPARJJG/PRQ/PHRT08
Tipo de título
Atribuído
Título
Paróquia de Matriz
Datas de produção
1653-09-01
a
1911-03-31
Dimensão e suporte
161 livros e cadernos; papel.
Entidade detentora
Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça - Horta.
Produtor
Paróquia de Matriz.
História administrativa/biográfica/familiar
A primitiva igreja Matriz, que foi construída possivelmente no início do século XVI num ponto elevado da Horta, foi demolida em 1842, após uma sucessão de diversas vicissitudes que a tornaram imprópria para o culto, dela restando apenas a sua torre, que ostenta um relógio. A atual igreja Matriz foi estabelecida na antiga igreja do Colégio dos Jesuítas, para onde foi trasladada solenemente no dia 1825-10-20 (fontes: - António Lourenço da Silveira Macedo, História das quatro ilhas que formam o distrito da Horta, reimpressão fac-similada da edição de 1871, Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1981, 3.º volume, páginas 15 e 36. - Fernando Faria Ribeiro, Em dias passados: figuras, instituições e acontecimentos da história faialense, edição do Núcleo Cultural da Horta, 2007, página 238). Orago da paróquia: Santíssimo Salvador. Matriz = igreja principal de uma localidade; lugar onde alguma coisa nasce.------------------------------------------------------------A primitiva igreja Matriz da Horta deve ter sido erguida nos primeiros anos do século XVI, já que se tem conhecimento de um alvará, datado de 28 de junho de 1514, em que D. Manuel I mandou entregar uma série de alfaias e paramentos “para servirem na igreja do Salvador da ilha do Faial” (Arquivo dos Açores, 1880:15). O seu orago, o Santíssimo Salvador, é o mesmo da cidade de Bruges, na Flandres, e da Sé de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira.Ao final desse século, o cronista Gaspar Frutuoso registou: “Tem esta vila em um alto a igreja principal, da advocação do Salvador, mui fresca, de três naves, com seis colunas por cada banda e duas capelas por cada lado.” (FRUTUOSO, 1998, VI:117).Em fins de setembro de 1589 uma armada de corsários ingleses, sob o comando de Sir George Clifford, 3.º conde de Cumberland, saqueou as igrejas e conventos da Horta durante quatro dias.Anos mais tarde, em agosto de 1597, Sir Walter Raleigh, segundo em comando da armada corsária de Robert Devereux, 2.º conde de Essex, saqueou e incendiou os principais edifícios religiosos da cidade (Ermida de Santa Cruz, Igreja Matriz do Santíssimo Salvador, Convento de São João, primitivo Convento de São Francisco, Igreja de Nossa Senhora da Conceição), bem como as igrejas paroquiais dos Flamengos, da Feteira e da Praia do Almoxarife.No início do século XVII deu-se início à reconstrução daquele primitivo templo. Tendo as obras decorrido a partir de 1607, o novo veio a ser consagrado em 20 de dezembro de 1615. O seu frontispício era voltado ao Convento de São João (LIMA, 2005:147), num eixo Leste-Oeste que permitia a celebração da missa com o sacerdote voltado para Jerusalém, como era a antiga praxe (Correio da Horta, 1955a:1).É referido por Frei Diogo das Chagas (O.F.M.), em meados do século XVII:"Junto ao qual mosteiro [Convento de São João Baptista] em hum pateo alto, que a Villa aly faz do qual a uem toda por lhe ficar inferior, Está a Igreja principal, e matriz da ditta Villa do Orago do Salvador que he hum fermoso templo, que no mesmo lugar aonde foi queimado [por Essex, que o cronista refere em 1599], se tornou a reeedificar. Os clerigos que nesta Igreja e em as demais comem pão del Rey (...)." (CHAGAS, 2007:476)Em 1785, a Matriz da Horta, devido ao estado de deterioração e ruína do seu teto, havia funcionado, durante cerca de um ano, na Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, do antigo Colégio de São Francisco Xavier da Companhia de Jesus (MACEDO, 1981, I:267).No primeiro quartel do século XIX, face ao avançado estado de degradação do templo, nomeadamente após o sismo de 1808, por Alvará régio de 5 de março de 1810 foi autorizada a transferência da Matriz da Horta para a igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, do extinto Colégio dos Jesuítas, onde ainda hoje se encontra, sob a invocação do Santíssimo Salvador. Nesse ínterim, ao final de 1819, a antiga Igreja Matriz foi atingida pela queda de um raio:"A 31 de dezembro desenvolveu-se pela tarde uma furiosa trovoada sobre a villa da Horta, caindo pelas 4 horas um raio na torre da Matriz, causando algum prejuiso no relogio e n'um altar que ficava proximo, concorreu então o povo e a tropa com agua e terra para a apagar o incendio que se começara a atear e nisso se empregaram até ás 11 horas deixando de se celebrar por esta causa o Te Deum do costume que fico transferido para a manhã seguinte." (MACEDO, 1981, I:337)E a mesma fonte complementa:"Renovaram então a collegiada e a camara a sua pretenção da transferencia da Matriz para a egreja do collegio que ja estava decretada como fica dito; e na mesma occasião pedio o vigario para a mesma egreja os ornamentos dos jesuitas, que em parte lhe foram concedidos e os restantes mandou ir para a Terceira, sendo a trasladação auctorizada novamente." (Idem, pp. 337-338) Entretanto, devido à necessidade de empreender obras para o efeito, e devido a uma violenta tempestade que tornou o templo impróprio para o serviço religioso, apenas em 20 de outubro de 1825, a transferência foi efetuada (MACEDO, 1981, I:306-307; MACEDO, 1981, II:433-434).O que restava do antigo templo, com excepção da Torre do Relógio, foi demolido em 1842 (BPARJJG, Câmara Municipal da Horta, Atas de Vereação, 1 de outubro de 1842). Posteriormente, funcionou como espaço público ajardinado e, já no século XX, albergou tendas e barracas em madeira erguidas em carácter provisório para acolher os sinistrados da crise sísmica de 1926, como em outros espaços públicos na cidade.Uma pequena intervenção no local durante a década de 1960 provocou um abatimento de parte do chão deixando visível uma estrutura no subsolo, possivelmente uma cripta da antiga igreja.Em 2017 a autarquia ali instalou um jardim infantil e construiu uma quadra polidesportiva.Para ler mais...“A visita do príncipe D. Luís”. In RIBEIRO, Fernando Faria (2007). Em dias passados. Figuras, Instituições e Acontecimentos da História Faialense. Horta, Núcleo Cultural da Horta. p. 245.“Alvará de paramentos para S. Salvador da ilha do Fayal, de 28 de junho de 1514”. In Arquivo dos Açores, vol. II, 1880. p. 15.“Câmara Municipal do Concelho da Horta / Relógio Público”. In Correio da Horta, ano 34.º, n.º 9570, 23 mai. 1964(a). p. 4.“Da velha para a nova Matriz”. In RIBEIRO, Fernando Faria Ribeiro (2007). Em dias passados. Figuras, Instituições e Acontecimentos da História Faialense. Horta, Núcleo Cultural da Horta. p. 238.“Ficha 71.12.132 Torre do Relógio”. In Inventário do Património Imóvel dos Açores: Horta, Faial. Horta, Direcção Regional de Cultura; Instituto Açoriano de Cultura; Câmara Municipal da Horta, 2003.“Ficha 9 Edifícios e Elementos de Qualidade”. In Plano de Urbanização da Cidade da Horta.“Ficha CRS 241-A Igreja do Santíssimo Salvador e Torre do Relógio”. In Património Arqueológico dos Açores.“Noticiario Local”. In O Açoriano, anno 2, n.º 13, 2 dez. 1884. p. 3.ARRUDA, Luís M. (2009). Jardins na Ilha do Faial (Açores). Horta, Câmara Municipal da Horta.BARREIRA, César Gabriel (1995). Um Olhar sobre a Cidade. Do Passado ao Presente, Roteiros. Horta, Núcleo Cultural da Horta.BETTENCOURT, Jácome de Bruges (2011). “O relógio no Faial”. In O Faial e a Periferia Açoriana nos séculos XV a XX: Actas do V Colóquio realizado nas ilhas do Faial e de S. Jorge, nos dias 17 a 20 de Maio de 2010. Horta, Núcleo Cultural da Horta. pp. 443-481.BRUM, José Bettencourt (1994). Coisas da Nossa Terra. Crónicas. Horta, Câmara Municipal da Horta.CHAGAS, Frei Diogo das (2007). Espelho Cristalino em Jardim de Várias Flores (2.ª ed.). s.l., Presidência do Governo Regional dos Açores; Direção Regional da Cultura, Universidade dos Açores, Centro de Estudos Gaspar Frutuoso. [man. entre 1646 e 1654]EMILIO, M. (1901). "El-Rei D. Luis na Ilha do Fayal". In GOULART, Osório (1902). Album da Visita Real à ilha do Fayal. Lisboa, Imprensa Nacional.F. T. da I. N. (1955a). “Relógio da Matriz”. In Correio da Horta, ano XXV, n.º 6.837, 11 mai.. p. 1.Faial, Açores: Guia do Património Cultural. s.l., Atlantic View – Actividades Turísticas, Lda., 2003. pp. 120-121.FARIA, M. A. 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História custodial e arquivística
Fundo pertencente à paróquia até à criação do registo civil obrigatório pela República em 1911-02-20, data a partir da qual o fundo transitou para a posse dos serviços do registo civil. Foi finalmente incorporado na Biblioteca Pública e Arquivo Regional da Horta. Últimas incorporações da Conservatória do Registo Civil da Horta: os últimos livros dos casamentos, dos óbitos e das legitimações, e os seus duplicados, incluindo os duplicados dos livros de batismos em 2009-02-11; os últimos livros dos registos de batismos em 2012-03-08. Em 2021, a paróquia da Matriz procedeu à entrega de 48 livros e cadernos de róis de confessados do período compreendido entre 1810 e 1926 de forma intermitente.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Incorporação.
Âmbito e conteúdo
O fundo da paróquia de Matriz, do concelho de Horta, da ilha do Faial, é constituído por 161 livros e cadernos de acordo com a seguinte distribuição: série de registos de batismos (20 lvs.), série de registos de casamentos (18 lvs.), série de registos de óbitos (25 lvs.), série de registos mistos (23 lvs.), série de registos de legitimações (2 lvs.), série de registos de tutelas (1 lv.), subsérie de registos duplicados de batismos (5 lvs.), subsérie de registos de batismos dos expostos na roda (3 lvs.), subsérie de registos duplicados de casamentos (2 lvs.), subsérie de registos duplicados de óbitos (3 lvs.), série de róis de confessados (59 livros e cadernos).
Ingressos adicionais
Trata-se de um fundo fechado: não se prevê o ingresso adicional de documentação.
Sistema de organização
Classificação funcional.
Condições de reprodução
Reprodução condicionada pelo estado de conservação dos documentos e sujeita à tabela emolumentar em vigor.
Idioma e escrita
Português.
Instrumentos de pesquisa
Guias de remessa e inventário.
Existência e localização de cópias
Existe uma cópia de todos os livros das séries deste fundo em suporte digital na BPARJJG.
Data de publicação
06/09/2021 11:12:22