Informação não tratada arquivisticamente.
No inventário dos livros legados por Ernesto do Canto é criada uma secção de Manuscritos que compreende um conjunto de documentos da mais variada proveniência, relacionados sobretudo com a história açoriana, que acabam por confluir nas mãos de uma só pessoa que funciona, em última instância, como a entidade que salvaguarda a memória colectiva, fruto da sua paixão pela história açoriana e da sua actividade como editor/proprietário do Arquivo dos Açores.
Deste conjunto são retirados, já na Biblioteca Pública, possivelmente por Alexandre de Sousa Alvim, impressos, o que comprova o objectivo de seguir à letra o princípio que presidiu à criação desta secção, ultrapassando, neste caso, o própria vontade do "produtor / coletor", que tinha deixado alguns impressos nesta secção (veja os nº.s. 21, 37, 41, 76, 83, 144, 146, 148, 164) e até agrupado numa unidade arquivísitica, impressos, intitulada "Vária 3º. Papéis de várias procedências pela maior parte impressos, circulares, ofícios, cartas, etc." (nº. 22A).
Por alegadamente lhe faltar um carácter orgânico, podemos ser tentados a designar esta parte do acervo por coleção EC. No entanto, uma parte significativa destes documentos está intimamente relacionada com a atividade e com os interesses de EC. Outros, como por exemplo, "Foral manuelino de Figueiró dos Vinhos" (n.º 59), "Manuscritos de José Liberato Freire de Carvalho" (n.º 67), "Apontamentos sobre artilharia" (n.º 79), "Apontamentos sobre lógica" (n.º 151) ou a "História da vida de Jesus" (n.º 192) só aqui se enquadram por serem manuscritos, e o seu carácter orgânico assemelha-se a de uma qualquer mongrafia impressa, adquirida por ou oferecida a EC.
Este conjunto agrega também arquivos de terceiros (pessoas singulares ou coletivas, públicas ou privadas), alguns documentos do seu arquivo de família (Dias do Canto e Medeiros) e documentos pessoais do Pai, o morgado José Caetano Dias do Canto e Medeiros, figura de relevo na vida pública micaelense da 1ª metade do século XIX.
Assim, optámos por manter a designação original ["Manuscritos Ernesto do Canto"], atribuída pelo próprio no seu testamento e assim designados no inventário que serve de base à transferência do legado para esta Biblioteca Pública. Em circunstância alguma é referida a palavra arquivo/arquivos. Recordo que o "Manual dos Holandeses", editado em 1898, não considerava como arquivos o que hoje designamos por arquivos pessoais e de famílias. E, efetivamente, o traço comum que une esta secção é o facto de serem quase todos manuscritos, produzidos, recolhidos, comprados por ou oferecidos a Ernesto do Canto.
Fazem parte deste acervo os arquivos das famílias Canto e Castro (Provedores das Armadas), Borges Bicudo, Costa Chaves e Melo, Leite Botelho...