Vulcão dos Capelinhos
Informação não tratada arquivisticamente.
Nível de descrição
Documento simples
Código de referência
PT/BPARJJG/HH/F-F/10
Tipo de título
Atribuído
Título
Vulcão dos Capelinhos
Datas de produção
1957
a
1957
Dimensão e suporte
1 documento; papel.
História administrativa/biográfica/familiar
Após 12 dias de pequenos abalos sísmicos, pelas 6h45 do dia 27 de setembro de 1957, iniciou-se uma erupção vulcânica junto à Ponta do Capelo, no extremo Oeste da Ilha do Faial.-------------------------------------"Como noticiámos, desde há dois dias, quase ininterruptamente, nas freguesias do Capelo e Praia do Norte, a terra tem tremido, pondo em sobressalto as respetivas populações que, assustadas, abandonaram as suas casas, percorrendo as ruas com o emblema do Divino Espírito Santo a implorar a Misericórdia Divina." (O Telégrafo, 28 set. 1957, p. 1)---------------------------------------O fenómeno surgiu no mar, entre os 20 e os 60 metros de profundidade, com a emissão de vapor de água e gases. A erupção, do tipo surtseiano, prolongou-se por 7 meses e meio, marcada por grandes explosões, com a emissão de jatos de cinza negra e densas nuvens de vapor de água, devido ao contacto da lava incandescente, a mais de 1.000° C com a água fria do mar. O barulho era tão intenso que chegou a ser ouvido por habitantes das ilhas do grupo Ocidental dos Açores (Flores e Corvo), a mais de 150 milhas náuticas de distância.Ainda no início, formou-se uma pequena ilhota, batizada de Ilha Nova, que atingiu 100 metros acima do nível do mar. A atividade vulcânica era incerta, com períodos de maior atividade alternando-se com outros de acalmia. Durante os abrandamentos da erupção, ocorriam afundamentos das vertentes do cone, que levaram à submersão da Ilha Nova. No entanto, as frequentes emissões de cinzas criaram outros ilhéus, que acabaram por se ligar à costa da Ilha do Faial através de um istmo.Em meados de dezembro ocorreu uma efémera fase subaérea efusiva. Na parte Leste do cone abriu-se uma fratura onde surgiram 7 repuxos de lava incandescentes que atingiam até 10 ou 15 metros de altura, passando depois a concentrar-se em 3 chaminés onde as explosões estrombolianas se sucediam com intervalos de alguns segundos, acabando por voltar a apresentar características submarinas até maio de 1958.De maio a outubro de 1958, o vulcão tornou-se exclusivamente subaéreo terrestre, com características estrombolianas. A passagem da fase submarina para a terrestre foi marcada por uma forte crise sísmica em que ocorreram cerca de 450 abalos na noite de 12 para 13 de maio. A erupção apresentava períodos de grande explosividade, com projeção de fragmentos de lava incandescente a mais de 500 metros de altura, acompanhada por um forte ruído, intercalados por outros episódios de carácter efusivo, emitindo escoadas de lava de viscosidade variável.Em setembro de 1958, a erupção começou a perder força e a atividade diminuiu consideravelmente. A 24 de outubro desse ano, assistiu-se à última emissão de lavas. Após treze meses, o vulcão adormeceu.Finda a erupção, o cone principal tinha 160 metros de altura, o volume de materiais emitidos tinha sido de cerca de 174 milhões m³ e a ilha do Faial tinha aumentado 2,4 km².Do ponto de vista científico, o vulcão dos Capelinhos chamou a atenção por ser o primeiro no mundo a ser observado, documentado, fotografado, estudado e interpretado desde o início até ao seu adormecimento. O impacto deste fenómeno foi tão grande que chegaram à ilha jornalistas, fotógrafos, cientistas e vulcanólogos nacionais e estrangeiros, entre eles o geólogo Haroun Tazief.No plano mediático, a então jovem Rádio Televisão Portuguesa fez, nos Capelinhos, a primeira reportagem de exterior da sua história; periódicos como a Paris Match e a National Geographic Magazine, entre outras publicações, acompanharam e divulgaram pelo mundo o nome dos Açores, da ilha do Faial e do vulcão dos Capelinhos.A erupção de 1957 foi documentada em filme graças à bravura de Carlos Tudela, Vasco Hogan Teves e Alexandre Gonçalves. Estes três profissionais da RTP desembarcaram numa ilha provocada pela erupção, filmando boa parte do que se apresenta neste documentário. Acompanhados por Urbano Carrasco, do Diário Popular, mostraram ao país o que acontecia naquela ilha açoriana, constituindo estas imagens uma parte muito substancial do que a RTP possui sobre o vulcão dos Capelinhos.Esta erupção, embora não tenha causado vítimas mortais, provocou avultados prejuízos materiais em habitações – ruídas ou soterradas pelas areias e cinzas expelidas –, em pastos e campos de cultivo, inutilizados pelas mesmas causas, conduzindo à evacuação de alguns lugares, tendo sido retiradas 1.712 pessoas e meio milhar de cabeças de gado das freguesias limítrofes do Norte Pequeno, Cedros e Capelo. Famílias inteiras perderam os seus bens e o seu sustento. Perante a gravidade da situação emergente, muitos e das mais variadas proveniências, foram os auxílios encaminhados para o Faial de molde a amenizar a aflitiva situação das populações. Este episódio provocou, a breve trecho, um vultoso êxodo migratório para os Estados Unidos da América, facilitado pela proposta de lei do então senador John Fitzgerald Kennedy no Congresso norte-americano, conhecida como 1958 Azorean Refugee Act, que autorizava a imigração de todas as famílias afetadas. Estima-se que emigraram cerca de 17 mil dos 30 mil habitantes da ilha entre 1957 e 1960.Mais de 50 anos passados, o Vulcão dos Capelinhos, que fez surgir o “pedaço” de terra mais jovem de Portugal é um verdadeiro ex-libris dos Açores, mencionado em todos os guias turísticos como local a visitar não só pela impressionante paisagem que proporciona como pela importância cultural e científica do Centro de Interpretação ali edificado.O Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, inaugurado em agosto de 2007, foi concebido de modo a preservar a paisagem existente na área afetada pela erupção: o edifício encontra-se sob as areias vulcânicas, enterrado até à cota do terreno antes da erupção, fazendo parte do antigo Farol dos Capelinhos.Neste espaço, é possível fazer uma viagem muitas vezes virtual e interativa que, passo a passo, descreve o fenómeno, constituindo uma importante página na compreensão científica dos vulcões submarinos. A visita tem início na visualização de um filme que conta a história dos Açores num contexto universal. Para ler mais...“O Vulcão dos Capelinhos”. In RIBEIRO, Fernando Faria (2007). Em dias passados. Figuras, Instituições e Acontecimentos da História Faialense. Horta, Núcleo Cultural da Horta. p. 222.Centro de Interpretação do Vulcão dos CapelinhosFORJAZ, Victor (2007). “Vulcão dos Capelinhos - Memórias 1957/2007”. In Boletim do Núcleo Cultural da Horta, n.º 16.FORJAZ, Victor Hugo (1997). Vulcão dos Capelinhos – Retrospectiva (vol. I). Ponta Delgada, Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores.GOULART, Tony (2008). Capelinhos: as sinergias de um vulcão. San José, Portuguese Heritage Publication of California, Inc.História de um vulcão (RTP Ensina): RTP Ensina: O vulcão dos Capelinhos Jornais Telégrapho e Correio da Horta, 28 de setembro de 1957.LOBÃO, Carlos (2009). A geração do vulcão. Horta, Associação dos Antigos Alunos do Liceu da Horta.MACHADO, Frederico (1968). Actividade vulcânica da Ilha do Faial (1957-1958). Porto.MACHADO, Frederico; FORJAZ, Victor (1968). Actividade vulcânica do Faial – 1957 a 1967. Porto, Comissão de Turismo do Distrito da Horta.National Geographic Magazine, junho de 1958.National Geographic Portugal, setembro de 2007. pp. 4-19.Paris Match n.º 446, 26 out. 1957.PORTEIRO, Andrea (2018). "Centro de interpretação do vulcão dos Capelinhos". In CulturAçores - Revista de Cultura. Angra do Heroísmo, Direção Regional da Cultura. pp. 26-28.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Entrega de 2024-05-29.
Âmbito e conteúdo
Vulcão dos Capelinhos.-----------------------------------------------------Descrição: fotografia com inscrição manuscrita no verso “Esta fotografia foi tirada na freguesia em 30-9-57”.Proveniência: familiar.Referência: HH.JSS.02.
Cota atual
C1.
Publicador
l.sousa
Data de publicação
20/10/2025 14:51:12