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Canto e Castro

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Canto e Castro

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Informação não tratada arquivisticamente.

Nível de descrição

Subfundo   Subfundo

Código de referência

PT/BPARPD/PSS/MEC-CC

Tipo de título

Controlado

Título

Canto e Castro

Datas de produção

1475     

Dimensão e suporte

51 ua (22 liv.+29 mç; 844 doc.)

Produtor

Canto e Castro Pacheco de Sampaio

História administrativa/biográfica/familiar

Família que descende de Pedro Anes do Canto (c.1472 - 1556), natural de Guimarães, filho de João Anes do Canto e de Francisca da Silva. Escrivão do mestrado da Ordem de Cristo, vai para a Madeira com o primo, o padre Vasco Afonso, vigário do Machico, onde desempenha funções como escrivão do Bispado. Herdeiro universal do primo, nomeado pelo Bispo do Funchal visitador das ilhas dos Açores, acompanho-o e estabelece-se na ilha Terceira, em 1505, iniciando o processo de aquisição de propriedades nessa ilha e nas de São Jorge, Faial e Pico, o que irá transformar a sua Casa na mais rica da ilha Terceira e numa das mais importantes do arquipélago.Ciente da necessidade de prestar serviços relevantes à Coroa de forma a consolidar o processo de ascensão social, socorre Arzila em 1509, cercada pelo Rei de Fez, com um navio e gente armada, paga à sua custa, e conquista o porto de Tonebelalon por ordem de D. Vasco Coutinho, governador daquela praça africana. Entre 1513 e 1516 serve na praça de Azamor. Nas palavras do padre Luís Manuel Maldonado (Fénix Angrense), abastece fartamente umas naus que vinham da Índia e que fundeiam, para aguada, na costa norte da ilha Terceira, junto ao Porto da Cruz, hoje Biscoitos, onde vive e tem uma grande quinta (São Pedro).Cavaleiro da Casa Real desde 1517, é nomeado 1º provedor das Armadas e Naus da Índia e fortificações da ilha Terceira por volta de 1527 (cargo que se manteve na família até à sua extinção), ano em recebe carta de privilégio para todos os seus caseiros e, dez anos mais tarde, a mercê da dízima do pescado na mesma ilha. Na sua pedra tumular na Sé de Angra consta que por 6 vezes foi nomeado capitão-mor das armadas que aguardavam as naus da Índia e da Mina.Fidalgo da Casa Real em 1534, cavaleiro da Ordem de Cristo em 1537 e carta de brasão de (acrescentamento) armas em 1539.Edifica a capela de Nossa Senhora da Nazaré na quinta de São Pedro, Biscoitos, e nos seus testamentos (5), institui 3 morgados, “para a perpetuação de sua memória e linhagem”, para os 3 filhos mais velhos (António Pires do Canto, João da Silva do Canto e Francisco da Silva do Canto, este último filho natural legitimado)C. 1ª vez com D. Joana Abarca [1510];C. 2ª vez com D. Violante da Silva [1512]Sucedem-lhe, na administração da Casa:- António Pires do Canto (1511 - 1572)1º morgado dos Remédios, combate em Tânger onde é armado cavaleiro, comendador da Ordem de Cristo, moço-fidalgo da casa Real (1527), provedor das Armadas e Naus da Índia (1560), comandante da esquadra dos Açores. Constrói a ermida de Nossa Senhora dos Remédios (entre 1556 e 1572), no Corpo Santo, Conceição, Angra, mais tarde anexada ao vínculo por um descendente.C. em 1544 com D. Catarina de Castro, filha de D. Francisco de Castro, governador de Santa Cruz de Cabo de Gué (Agadir, Marrocos), e de D. Joana da Costa.- Pedro de Castro do Canto (ou Pedro Anes do Canto, 1549 - 1583)2º morgado dos Remédios, cavaleiro professo na Ordem de Cristo, moço-fidalgo (1552) e fidalgo-escudeiro da Casa Real (1574), provedor das Armadas e Naus da Índia (1575), capitão-mor das Ordenanças de Angra, aprisionado pelos franceses numa viagem à Terceira ao serviço da Coroa.C. em 1576 com D. Maria de Mendonça, filha de Estevão Ferreira de Melo e de D. Antónia de Lima.- Manuel do Canto de Castro, o velho (c. 157? - 1625)3º morgado dos Remédios, provedor das Armadas e Naus da Índia (1584, mas só pode exercer quando atingir a maioridade), moço-fidalgo da Casa Real (1585), juiz ordinário da Câmara de Angra (1609), capitão-mor das Ordenanças de Angra (1616).No chão do morgado instituído pelo bisavô, junto à ermida de Nossa Senhora dos Remédios mandada edificar pelo avô, constrói umas casas nobres, que o filho irá anexar ao morgado, principal assento da família até à extinção desta linha em finais do século XIX.Sucede no 2º morgado instituído por Pedro Anes do Canto após o falecimento da sua prima D. Violante do Canto, casada, sem descendência, partidária de D. António Prior do Crato, filha de João da Silva do Canto, falecida em Lisboa em 17 nov. 1599 (v. doc. n.º 166).C. em 1593 com D. Antónia da Silva, filha de Rui Dias de Sampaio, o velho, e de D. Francisca da Silva Meneses.- Manuel do Canto de Castro (1602 - 1662)4º morgado dos Remédios, fidalgo cavaleiro da Casa Real.Segue a carreira militar e casa em Madrid com D. Filipa de Lara, sem descendência legítima ou hábil.- João da Silva do Canto ou João do Canto de Castro Pacheco (1607 - 1665)5º morgado dos Remédios por sucessão ao irmão, moço-fidalgo da Casa Real (1634), provedor das Armadas e Naus da Índia (1642), cavaleiro professo na Ordem de Cristo (1642), capitão-mor de Angra e membro do Conselho de D. Afonso VI (1665).Suspeito de extravios e excessos no desempenho das suas funções públicas, é acusado pelo Procurador da Fazenda Real e ilibado por sentença régia em 1645 (v. doc. n.º 459).C. em 1634 com D. Maria Caixa de Lorvela, filha de Tomé Correia da Costa e de D. Catarina Caixa de Lorvela.- Sebastião Carlos do Canto de Castro Pacheco (1657 - 1681)6º morgado dos Remédios (por morte em vida do pai dos irmãos mais velhos, Carlos, em 1660, e José, em 1664, e o tercio génito ter seguido vida religiosa), provedor proprietário das Armadas e Naus da Índia, cavaleiro professo na Ordem de Cristo (1666).Opôs-se ao irmão Manuel (frei Manuel de São Carlos), também mais velho, para que este não saísse da vida religiosa. Essa demanda só termina em 1681, quando falece no estado de solteiro sem descendência.- Manuel do Canto de Castro Pacheco (? - 1706)7º morgado dos Remédios por sucessão ao irmão Sebastião, obtém o breve pontifício que lhe permite anular as ordens recebidas, regressar à vida civil e entrar na posse dos morgados da sua família. Moço-fidalgo da Casa Real (1642), cavaleiro professo na Ordem de Cristo (1646), fidalgo-escudeiro (1678), provedor das Armadas e Naus da Índia (1678), capitão-mor de Angra (1696).Reedifica a ermida de Nossa Senhora dos Remédios.C. em 1683 com D. Maria Catarina Corte-Real de Sampaio, filha de António de Andrade de Gamboa e de D. Ana da Silva de Sampaio.- José Francisco do Canto e Castro Pacheco de Sampaio (1685 - 1754)8º morgado dos Remédios, moço-fidalgo da Casa Real (1699), juiz da Câmara de Angra (1714, 1745 e 1754), provedor das Armadas e Naus da Índia (1717), moço-fidalgo (1699) e fidalgo-escudeiro (1719), familiar do Santo Ofício (1721), cavaleiro professo na Ordem de Cristo, bacharel em Leis pela Universidade de Coimbra.C. 1ª vez D. Margarida Josefa de Noronha, filha de Pedro Homem da Costa de Noronha e de D. Josefa Bernarda de Bettencourt.C. 2ª vez com D. Maria Vitória de Castro e Noronha, filha de Bernardo Homem da Costa e Noronha e de D. Benedita Paula de Castro.- Francisco Vicente do Canto e Castro Pacheco (1725 - 1809)9º morgado dos Remédios, moço-fidalgo da Casa Real (1737), familiar do Santo Ofício (1754), provedor proprietário das Armadas e Naus da Índia (1757) e juiz da Câmara de Angra (1760).C. em 1745 com D. Jerónima Tomásia de Montojos Paim da Câmara, filha de Jacinto Manuel Brum da Silveira Leite e de D. Maria Antónia de Montojos Paim da Câmara.- José Francisco do Canto e Castro Pacheco (1747 - 1818)10º morgado dos Remédios, último provedor das Armadas e Naus da Índia (cargo extinto com a sua morte), moço-fidalgo da Casa Real (1775), fidalgo-escudeiro da Casa Real (1799), capitão do Regimento de Milícias de Angra.C. 1ª vez com a sua tia D. Benedita Josefa do Canto e Castro Pacheco.C. 2ª vez com D. Jacinta Margarida Salazar de Brito, filha de José da Costa de Brito e de Francisca do Livramento.C. 3ª vez com D. Maria Úrsula da Fonseca Paim, filha de António Tomé da Fonseca Carvão Câmara e Noronha e de D. Maria Isabel de Matos.- Francisco José Cupertino do Canto e Castro Pacheco de Sampaio (1777 - 1845)11º morgado dos Remédios, estuda no Colégio dos Nobres e ingressa no 1º Regimento da Armada Real. Moço-fidalgo e fidalgo-escudeiro da Casa Real (1785), coronel do regimento de Milícias de Angra. Retira-se para Lisboa em 1821 e exila-se em França em 1832, regressando após o triunfo liberal.C. em 1810 com D. Isabel Augusta da Silva e Ataíde, filha de Miguel Luís da Silva e Ataíde e de D. Vitória Manuel Carneiro da Cunha e Portocarreiro.- Miguel Luís do Canto e Castro da Silva Ataíde (1814 - 1888)12º e último morgado dos Remédios, moço-fidalgo da Casa Real (1822), adido de legação em Paris (1843), eleito deputado pela ilha Terceira (1851), par do Reino (1862), governador civil do Porto (1860 - 1864), conselheiro de Estado, grã-cruz e comendador da Ordem de S. Maurício e S. Lázaro de Itália.Faleceu solteiro, sem geração, e por sua morte herdou todos os bens da Casa Canto a sua única irmã sobreviva, D. Maria Luísa do Canto e Castro (? - 1890).[dados retirados de MENDES, António Ornelas; FORJAZ, Jorge - Canto. In Genealogias da ilha Terceira. Lisboa: Dislivro, 2007. Vol. 2, p. 761 - 795]

História custodial e arquivística

O arquivo permanece na família até 1888, data da morte de Miguel do Canto e Castro. Em outubro desse ano, a irmã e herdeira universal da Casa Canto e Castro, D. Maria Luísa, oferece-o ao seu médico, dr. Eduardo Abreu, que manifesta uma grande preocupação ao reparar que este está a ser queimado no pátio, pelos criados que limpam a adega e as lojas da casa da família na Foz, Porto.Cinco anos mais tarde, em outubro 1893, agastado pela pressão resultante do chamado “Caso da Herança Canto”, Eduardo Abreu oferece-o a Ernesto do Canto, enviando os primeiros documentos para Ponta Delgada nessa data e os restantes no ano seguinte, 1894 [Perdi todo o gosto n’aqueles papéis. E sendo o Senhor Ernesto do Canto, cavaleiro da maior austeridade e saber e que eu muito prezo, decidi logo apresentar-lhe todos aqueles papéis, afim de S. Ex.ª se aproveitar d’eles como quiser e entender, pois seria uma falta grave eu inutilizar os mesmos papéis ou conservá-los sem o menor proveito para a história Açoriana, em qualquer ponto que eles a esclareçam - Correspondência de Ernesto do Canto. Carta de Eduardo Abreu. Terceira, 31 out. 1893, doc. n.º 109].

Fonte imediata de aquisição ou transferência

Doação por disposição testamentária de Ernesto do Canto

Âmbito e conteúdo

Este arquivo é particularmente interessante pela antiguidade dos documentos que contém, alguns dos quais do último quartel do século XV e primeiro quartel do século XVI, raros em arquivos do arquipélago dos Açores, em razoável estado de conservação.Desde a génese da casa repara-se na preocupação com o arquivo / memória, a que não será estranha o ofício de escrivão desempenhado por Pedro Anes do Canto(*). Esse cuidado é bem visível no livro n.º 20 (Tombo de Pedro Anes do Canto) no qual são trasladados, pelo próprio, os documentos patrimoniais da fundação da sua Casa, com o histórico da titularidade das propriedades.Contém cartas de sesmaria (dadas de terra), algumas em pergaminho, escrituras relacionadas com a aquisição e arrendamento / aforamento de terras e outros atos notariais, testamentos, instituição de capelas e outros legados pios, processos judiciais relacionados com diversas demandas, documentos biográficos e de função, relacionados com o exercício de funções públicas, como é o caso da Provedoria das Armadas e Naus da Índia:- Manuscritos encadernados por Ernesto do Canto, entre 1894 - 1897, com documentos ordenados cronologicamente (liv. n.º 3 - 15);- Maço com os documentos ordenados cronologicamente na sequência dos primeiros 13 (n.º 16);- Inventário do capitão-mor Manuel do Canto de Castro, o velho (n.º 17)- Maço com os documentos ordenados cronologicamente na sequência dos anteriores (n.º 18 - 1ª série cronológica, 1475 - 1656)- Inventário de D. Francisca da Silva (n.º 19)- Tombo de Pedro Anes do Canto (n.º 20)- Coleção de papéis de pedro Anes do Canto e de António Pires do Canto (n.º 20A)- Testamentos (n.º 36)- Processo crime contra João do Canto e Castro (n.º 57)- Demanda sobre o vínculo de Manuel Pacheco de Lima (n.º 64)- Provedoria das Armadas (n.º 78 e 78A)- Inventário de D. Maria Caixa (n.º 80)- Documentos ordenados cronologicamente (n.º 84 - 108, de 1541 - 1845; 2ª série cronológica organizada possivelmente já na BPARPD pelo bibliotecário Alexandre de Sousa Alvim)- Cartas régias (n.º 169)(*) Cf. GREGÓRIO, Rute Dias - O tombo de Pero Anes do Canto. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira. Angra. Vol. LX, 2002, p. 27. Segundo José Maria Mendes e Jorge Forjaz, Pedro Anes do Canto foi escrivão da Ordem de Cristo e do Bispo do Funchal; Rute Gregório refere que foi escrivão da visitação.

Sistema de organização

Em 1888 o arquivo está guardado na adega da casa da Foz (Porto), conservado dentro de 3 grandes caixas, pregadas e lacradas, conforme informação dada por Eduardo Abreu numa carta escrita a Ernesto do Canto em 31 out. 1893. Na mesma missiva refere ainda uma nota escrita pelo punho de Miguel do Canto em que este indica “(…) que só com a catalogação e decifração da papelada incluindo mais de 1000 títulos de vínculos aqui nas ilhas, tinha ele despendido 2.200$000 réis.”.No entanto, através de diversas anotações encontradas à margem de alguns documentos percebe-se que esse trabalho de “reorganização” do arquivo deve ter começado antes, no 1º quartel do século XIX, no tempo do avô, José Francisco, e /ou do pai, Francisco José Cupertino (a informação “vistos em 21 maio 1808” e transcrições paleográficas de 1815, pelo perito José Joaquim Matoso Gago da Câmara).Com estas intervenções no início do século XIX os documentos podem ter sido descontextualizados e ordenados / organizados tendo por base um critério puramente cronológico, e colocados em capilhas, com resumos do conteúdo.Posteriormente, Ernesto do Canto ao encadernar os primeiros documentos em 13 livros, entre 1894 e1897, tem a intenção de criar uma série cronológica, conforme refere no resumo que antecede o documento n.º 429 do livro n.º 20A. Alguns documentos são publicados no vol XII do Arquivo dos Açores, o último publicado pelo autor. Mais, critica o trabalho anterior por considerar que esta reordenação deve basear-se na data a que os documentos se reportam e não na data em que os mesmos foram produzidos. Na folha de rosto do 2º volume dos documentos encadernados refere: "É notável a teima de quem escreveu estes extratos, em dar maior importância à data em que se fizeram a cópias, de preferência às datas dos documentos originais".Por esta nota se vê que os resumos não são da autoria de EC e que este utiliza para a ordenação cronológica a data a que os acontecimentos se reportam e não a data da sua produção.Mas o critério cronológico não é o único adotado. Outros documentos são organizados pela tipologia documental, como são os casos dos Testamentos (n.º 36) e das Cartas Régias (n.º 169) ou pela temática, como é o caso da Provedoria das Armadas (n.ºs 78 e 78A).

Notas

Bibliografia:FORJAZ, Jorge - O solar de Nossa Senhora dos Remédios. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira. Angra do Heroísmo, vol. 36, 1978, p. 5 - 93FORJAZ, Jorge - O caso da herança Canto. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira. Angra do Heroísmo, vol. 36, 1978, p. 95 - 150FORJAZ, Jorge - A família de Pedro Anes do Canto: os senhores da casa dos Remédios. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira. Angra do Heroísmo, vol. 36, 1978, p. 151 - 203GREGÓRIO, Rute Dias - Pero Anes do Canto. Um homem e um património (1473 - 1556). Ponta Delgada: Instituto Cultural, 2001MENDES, António Ornelas; FORJAZ, Jorge - Canto. In Genealogias da ilha Terceira. Lisboa: Dislivro, 2007. Vol. 2, p. 761 - 795

Data de publicação

20/04/2020 13:46:38