Salão Teatro Éden

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Salão Teatro Éden

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Informação não tratada arquivisticamente.

Nível de descrição

Subfundo   Subfundo

Código de referência

PT/BPARJJG/EMP/TF-STE

Tipo de título

Atribuído

Título

Salão Teatro Éden

Datas de produção

1917-12-01  a  1918-11-20 

Dimensão e suporte

2 programas, papel.

História administrativa/biográfica/familiar

O Salão-Teatro Éden localizava-se na Rua Conselheiro Medeiros, n.º 17, com frente também para a Rua Conselheiro Miguel da Silveira, na freguesia da Matriz, cidade e concelho da Horta. Fundado por iniciativa das primas Lídia Correia Bettencourt Furtado – filha do músico José Cândido Bettencourt Furtado –, e Silvina Furtado de Sousa – sobrinha dele e filha do ator Cândido Maria de Sousa, foi inaugurado a 25 de novembro de 1915 no edifício dos herdeiros de José da Silva Correia, com a sala completamente cheia. A imprensa da época registou:• “(...) com uma enchente à cunha teve lugar quinta-feira [dia 25] a inauguração do Salão Éden, vendo-se entre a assistência grande número de damas” (A Democracia, n.º 259, 28 nov. 1915. p. 3)• “(...) esplêndidas sessões cinematográficas no Salão Éden, sendo exibidos filmes de grande valor artístico, o que demonstra a simpatia do público pela nova casa de espetáculos”. (A Democracia, 5 dez. 1915. p. 2)• “As sessões cinematograficas do Salão Eden continuam a ter uma enorme concorrência” (Portugal, Madeira e Açores, 27 dez. 1915. p. 3).As sessões de cinema tinham lugar à noite, aos domingos, quartas e sextas, “havendo também aos domingos e dias santificados sessões diurnas para crianças e gente do campo.” (A Democracia, 19 dez. 1915. p. 3).A 6 de abril de 1916, eram inauguradas as instalações do Teatro Fayalense. Sem poder competir com este, em 1919, o Éden foi alvo de obras de remodelação, reabrindo ao público a 26 de outubro do mesmo ano, “transformado numa esplêndida casa de espetáculos, num dos melhores cinematógrafos do do país, amplo, elegante e confortável”. Exibiu, nesse dia, o “sensacional filme de arte em três partes 'Ladrões de Radium' e o Grupo Dramático, depois de ter auxiliado como pôde a reedificação do Teatro Fayalense, tomou parte neste espetáculo de inauguração representando duas finas comédias e o sexteto Tomás Medeiros apresentou alguns números selectos”. (O Telégrafo, 23 out. 1919, n.º 7.623. p. 3).Uma nova e completa intervenção ocorreu em agosto de 1924, quando o Salão Teatro Éden reabriu com equipamentos técnicos melhorados, superior qualidade de luz e ventilação, um pano de fundo avançado em relação ao ecrã (Idem), e artisticamente decorado com painéis de autoria de Silvina Furtado (BRUM, 1994:101).Com capacidade para 300 espectadores distribuídos pela plateia e pelo balcão, o Salão Teatro Éden dispunha ainda de um palco de dimensões regulares, uma cabine de projeção, um amplo hall e um bar (LOBÃO, 2013: 458). As sessões de cinema mudo, acompanhadas por orquestra cinematográfica, aconteciam às quartas, sextas, sábados e domingos (Idem, pp. 457-458). A orquestra, constituída por elementos locais, chegou a contar, durante algum tempo, com o violinista continental Raúl de Oliveira, contratado para o efeito (BRUM, 1994:101) e que, durante dois anos, foi seu diretor (RIBEIRO, 2005:262).O espaço acolhia igualmente serões de arte, como récitas e concertos (BRUM, 1994:101; LOBÃO, 2013: 458), e foi palco de diversas iniciativas culturais e recreativas promovidas pelo Fayal Sport Club, Sporting da Horta e pela Sociedade Filarmónica Artista Faialense (Idem; Ibidem).Tendo sofrido danos quando do sismo de 31 de agosto de 1926, foi remodelado (BRUM, 1994:102). O Salão-Teatro Éden encerrou definitivamente em 1940 (BRUM, 1994:101; LOBÃO, 2013: 458). Desmantelado, o espaço servia, em meados da década de 1980, como discoteca, apesar de se encontrar destelhado (BRUM, 1994:102).----------Silvina Carmen Furtado de Sousa (Horta, 19 de janeiro de 1877 – Horta, 6 de setembro de 1973), conhecida nos meios literários pelo pseudónimo de Iracema, foi uma professora de música e ativista cultural que se distinguiu como poetisa. Nasceu no seio de uma família urbana com importante participação na vida social e cultural local, filha de Cândido Maria de Sousa, funcionário da Alfândega, e de Virgínia Adelaide Furtado de Sousa. O seu tio-avô era José Leal Furtado, consagrado organista e mestre da capela da Matriz.Os pais separaram-se por razões desconhecidas em 1882, quando Silvina tinha 5 anos de idade. Os seus dois irmãos mais novos, Heitor e Asdrúbal, ficaram a viver com a mãe, mas Silvina acompanhou o pai, que se transferiu para ocupar um lugar de escrivão judicial em Lisboa. A mãe emigraria para o Brasil em 1883 com Asdrúbal, quebrando, assim, os laços com Heitor, que ficou, no Faial, a residir com familiares e também com Silvina, que ficou a viver com o pai.Embora sofrendo com o afastamento da mãe e dos irmãos, a vida na capital permitiu a Silvina frequentar aulas de piano, pintura, datilografia, dança, entre outras disciplinas de cultura literária, que contribuíram para o despertar da sua veia poética. O pai faleceu repentinamente, vítima de tísica pulmonar (tuberculose), no dia em que Silvina completava 16 anos (19 de janeiro de 1893).O falecimento do pai forçou o seu regresso à Horta, onde ficou a viver com a família do seu tio José Cândido Bettencourt Furtado e, mais tarde, com a prima Lídia Furtado, com quem manteve profundos laços afetivos. De temperamento nostálgico e de aparência frágil, nunca casaria. Manteve, ao longo de toda a sua vida, intensa atividade como professora e explicadora, ensinando piano e datilografia.Impulsionou diversas atividades culturais na ilha do Faial, nomeadamente a fundação do Salão Teatro Éden em 1915, juntamente com a sua prima. Neste espaço, foram apresentadas inúmeras récitas teatrais e filmes, dinamizando a vida cultural da Horta e incentivando novos talentos e artistas amadores. Integrou a Orquestra Simaria e outras, que animaram muitos espetáculos e serões faialenses.Posteriormente, fundou, no mesmo imóvel do Éden, o Colégio Insulano (1918). Ali eram lecionadas diversas disciplinas voltadas para a formação das jovens, nomeadamente Português, Inglês, Francês, Piano, Canto, Pintura e Lavores, além do ensino do 1.º e 2.º graus da instrução primária. Contudo, dificuldades de financiamento ditaram a efémera atividade deste colégio.Devido ao contexto pós-1.ª Guerra Mundial e às vicissitudes da época, a partir de 1926, Silvina passou a funcionária do Banco do Fayal, tornando-se a primeira mulher a trabalhar numa instituição bancária açoriana. As suas funções só cessaram com a falência do Banco, em 1944. Nesta altura, já com 67 anos, continuou a dar explicações particulares, o que fazia desde o encerramento do Colégio, passando longas temporadas no Pico, em especial, na Madalena, onde dava aulas de piano, datilografia e pintura. Acabou por fixar-se nesta vila durante duas décadas.Cultora das letras, destacou-se como poetisa, sempre com o pseudónimo Iracema. Ruy Galvão de Carvalho incluiu nove dos seus poemas na Antologia Poética dos Açores, e sobre a autora registou: “(...) neste género literário [o soneto] temos de confessar que a poetisa faialense é geralmente feliz, vazando em forma trabalhada à moda dos poetas parnasianos, todo o lirismo da sua alma idealista e nostálgica” (CARVALHO, 1979, 1:263-264). Além disso, Carvalho prefaciou a coletânea poética da autora, intitulada Saudade (Coimbra, 1960). Segundo o escritor, nos sonetos compilados a poetisa condensara “todo o seu sentir de mulher (...), vasa[ra] os seus estados de alma mais íntimos e delicados; os seus sonhos de amor e aspirações ideais, enfim, todo o seu mundo interior, tão rico de experiência e de beleza!” (O Dever, 15 de abril de 1961). Recebeu o 1.º prémio na modalidade de soneto, nos Jogos Florais “Açores, 1967” (O Telégrafo, 1967).Para além da poesia, foi autora de muitos artigos em prosa, quase sempre sob o título genérico de Aguarelas, e escreveu contos. A sua obra encontra-se publicada em diversos órgãos da imprensa açoriana da época, com destaque para O Telégrafo, A Ordem, Sinos da Aldeia, Correio da Horta, Horta Desportiva, Diário dos Açores, Correio dos Açores, O Dever, Bom Combate e Vigília. Também se dedicou à música e foi pianista reconhecida e maestrina da capela da Matriz.Foi agraciada, a 10 de julho de 1965, com o grau de Dama da Ordem do Infante D. Henrique e, em agosto do mesmo ano, numa cerimónia de homenagem, recebeu das mãos do Governador Civil as insígnias do grau de Cavaleiro da Ordem de Instrução Pública. Por esta ocasião, tornou-se sócia honorária do Núcleo Cultural da Horta. Na casa onde viveu, foi colocada uma lápide com a inscrição: “Silvina Furtado de Sousa / 'Iracema' / Aqui viveu e ensinou / 21.8.1965”, entretanto desaparecida. É recordada na toponímia da cidade da Horta, onde a Rua Silvina Furtado de Sousa a evoca. Faleceu aos 96 anos de idade, no Lar da Santa Casa da Misericórdia da Horta.----------Para ler mais...“1.º prémio para Silvina de Sousa”. In O Telégrafo, n.º 20.407, 7 de novembro de 1967.“A nossa homenagem a D. Silvina Furtado de Sousa”. In O Telégrafo, n.º 12.416, 18 de janeiro de 1941.“Fayal / Crónica da quinzena / Horta, 14 de dezembro de 1915”. In Portugal, Madeira e Açores, ano 32, n.º 1.495, 27 dez. 1915. p. 3.“Salão Teatro Éden”. In RIBEIRO, Fernando Faria (2005). Em dias passados: figuras, instituições e acontecimentos da História. Horta, Núcleo Cultural da Horta.ARRUDA. Luís M. (s.d.). “Sousa, Silvina Carmen Furtado de”. In Enciclopédia Açoriana.BRUM, Ângela Furtado (coord.) (2017). Vidas: mulheres açorianas. Ponta Delgada, Letras Lavadas.BRUM, José Bettencourt (1994). Coisas da Nossa Terra: Crónicas. Horta, Câmara Municipal da Horta.CARLOS, J. (1963). “Sobre o açorianismo de Silvina de Sousa (Iracema)”. In O Telégrafo, n.º 18.956, 19 de janeiro.CARVALHO, Rui Galvão de (1979). Antologia Poética dos Açores (2 vols). Angra do Heroísmo, Secretaria Regional de Educação e Cultura. Vol. I, pp. 263-264.FARIA, Fernando (2013). “Retalhos da nossa história – CLIII - Furtados, uma família de artistas (5)”. In Tribuna das Ilhas, 26 de julho.FARIA, Fernando (2013). “Retalhos da nossa história – CLIV - Furtados, uma família de artistas (6)”. In Tribuna das Ilhas, 9 de agosto.LOBÃO, Carlos Manuel Gomes (2013). Uma cidade portuária: a Horta entre 1880 e 1926. Sociedade e cultura com a política em fundo (2 vols.). Dissertação de doutoramento em História, variante de História Contemporânea, pela Universidade dos Açores, Ponta Delgada.ROSA, Sónia Patrícia Melo da (2018). Construção de uma exposição temporária no Museu da Horta: Conceção, Museografia e Mediação. Relatório de Estágio. Mestrado em Património, Museologia e Desenvolvimento da Universidade dos Açores.SILVA, Susana Serpa (2021). “Trabalho (no) Feminino: (1850-1926) – Histórias dos Açores. Mulheres Singulares”. In Correio dos Açores, 31 de outubro. p. 20.Este texto foi revisto com o apoio do Microsoft Copilot, uma ferramenta de inteligência artificial, utilizada para melhorar a clareza, coesão e correção ortográfica do conteúdo.

História custodial e arquivística

Os dois programas encontravam-se junto dos programas do Teatro Faialense, razão pela qual se optou por criar um subfundo dentro daquele fundo.

Âmbito e conteúdo

Programa de dois eventos culturais, um sarau musical e uma récita, ocorridos no Salão Éden, na cidade da Horta.

Publicador

l.sousa

Data de publicação

10/07/2025 15:27:54